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Investigação da ONU acusa Israel de perpetuar conflito com palestinos

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Relatório encomendado pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU e divulgado nesta terça (7) atribuiu à ocupação contínua de territórios palestinos por Israel a responsabilidade pelo ciclo de violência que atinge a região e que voltou a se intensificar.

"A discriminação persistente contra palestinos em toda a Cisjordânia e em Jerusalém, as ameaças de ataques, o deslocamento forçado, as demolições de casas e a expansão dos assentamentos israelenses, bem como o bloqueio da Faixa de Gaza, contribuem com a continuação dos ciclos de violência", diz um trecho do documento.

O material é fruto de uma comissão independente de investigação formada por três membros –da Índia, da África do Sul e da Austrália– e criada pelo braço de direitos humanos das Nações Unidas após o estopim do conflito entre Israel e o grupo Hamas em maio do ano passado, que durou 11 dias ao todo e deixou mais de 240 vítimas.

O relatório de 18 páginas diz que a discriminação emanada do Estado de Israel cria um ambiente opressivo que "alimenta o ressentimento palestino" e, consequentemente "a insegurança isralense". Diz também que acabar com a ocupação, por si só, não será suficiente, sendo necessário, além disso, a manutenção dos direitos humanos.

A chancelaria de Israel, em comunicado, disse que o material constitui apenas um desperdício de dinheiro público no esforço do que descreve como uma caça às bruxas contra o país.

"É um relatório parcial e tendencioso, marcado pelo ódio ao Estado de Israel; desconsidera anos de terrorismo assassino de organizações terroristas palestinas contra cidadãos israelenses", diz um trecho da nota publicada no site do Ministério das Relações Exteriores.

No perfil oficial de uma rede social, a pasta foi além. "Este relatório discriminatório nos deixa mais ódio, violência e antissemitismo global, uma demonização de Israel e uma recompensa pelo terrorismo", diz uma publicação feita mais cedo.

O relatório fruto da comissão de inquérito, porém, também despende críticas à Autoridade Nacional Palestina, dizendo que os líderes frequentemente usam a ocupação israelense como uma justificativa para violar os direitos humanos e como principal motivo para o fracasso em realizar eleições livres.

"As autoridades em Gaza mostram pouco compromisso com a defesa dos direitos humanos e baixa adesão às normas do direito internacional humanitário", afirma o material.

Também há uma crítica à ausência de igualdade de gênero. "Embora as mulheres palestinas exerçam um papel ativo nas comunidades e nos movimentos sociais, persistem lacunas na participação igualitária na política, nos processos de tomada de decisão e de paz", diz.

O Hamas saudou o relatório e pediu que os líderes de Israel sejam processados pelo que afirmam serem crimes contra os palestinos. A Autoridade Palestina pediu ações para "pôr fim à impunidade de Israel". O relatório será discutido no Conselho de Direitos Humanos, com sede em Genebra, na próxima semana.

Os conflitos entre palestinos e israelenses voltaram a escalar nos últimos meses, com uma série de ataques registrada nas ruas de Israel e várias operações desencadeadas nos territórios ocupados.

Em uma dessas ações, em Jenin, na Cisjordânia, em maio, morreu a jornalista palestino-americana Shireen Abu Akleh, que trabalhava para o canal de notícias Al Jazeera. O episódio ainda é investigado.