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'Pobres Criaturas': uma jornada surrealista e impactante

Emma Stone dá vida a uma Frankestein voraz por sexo. | Foto: Divulgação

O cinema, muitas vezes chamado de sétima arte, tem o poder de transcender expectativas e evocar uma diversidade de emoções. "Pobres Criaturas," a mais recente obra do renomado diretor grego Yorgos Lanthimos, desafia as convenções cinematográficas ao oferecer uma experiência totalmente surrealista que mergulha nas profundezas de temas cruéis presentes em nossa sociedade.

Lanthimos, conhecido por seus filmes peculiares como "A Lagosta" e "A Favorita," leva o espectador a um mundo repleto de elementos perturbadores, como machismo, misoginia e elitismo. O roteiro magistralmente elaborado por Tony McNamara mistura humor, terror, drama e crítica social de maneira envolvente, destacando o trabalho árduo da equipe por trás dessa produção.

Inspirado no livro homônimo de Alasdair Grey, a trama segue o cirurgião respeitado, Dr. Godwin Baxter, interpretado por Willem Dafoe, e sua filha adotiva Bella Baxter, interpretada por Emma Stone. O filme desenha paralelos intrigantes com a história de Frankenstein, enquanto explora temas de manipulação, ingenuidade e a busca pela própria identidade.

A narrativa, repleta de metáforas que cutucam as feridas da sociedade, destaca a ingenuidade de Bella como um espelho das questões mais profundas que enfrentamos. Desde o machismo flagrante até a misoginia retratada em uma casa de prostituição, "Pobres Criaturas" utiliza seu surrealismo para apresentar críticas sociais de maneira explícita e sutil.

A transformação de Bella ao longo da trama, sutilmente simbolizada por uma mudança nas paletas de cores, revela a força da personagem e sua luta pela autonomia. A cinematografia, com cores vibrantes e o uso criativo da câmera olho de peixe, contribui significativamente para a atmosfera única do filme, criando uma experiência visualmente cativante.

Em meio a tantos pontos fortes, destaca-se o talento excepcional de Emma Stone, cuja performance vai desde os trejeitos infantis até cenas de intimidade, demonstrando versatilidade e maestria. O elenco como um todo entrega atuações cativantes, elevando "Pobres Criaturas" a um patamar de excelência.

Em conclusão, "Pobres Criaturas" não é apenas uma obra cinematográfica, mas uma experiência provocativa que desafia as normas e provoca reflexões sobre a sociedade. Seja pela direção arrojada de Lanthimos, pelo roteiro inteligente de McNamara, ou pelas performances excepcionais do elenco, o filme merece ser reconhecido e apreciado. Para os amantes do cinema, "Pobres Criaturas" é um imperdível mergulho na surrealidade e na crítica social, chegando aos cinemas em 1º de fevereiro.

Nota: 9/10