Por:

Temor por limpeza étnica

A proclamação do presidente Ilham Aliyev ocorreu após uma ofensiva de 24 horas | Foto: Reprodução

Após 31 anos de disputa, o Azerbaijão anunciou ontem ter tomado o controle de Nagorno-Karabakh, região étnica armênia há séculos que esteve no centro de duas guerras desde os anos 1990. A proclamação do presidente Ilham Aliyev ocorreu após uma ofensiva-relâmpago de 24 horas.

Apesar do caráter remoto da notícia, ela é de grande importância geoestratégica, significando uma mudança no balanço de poder no sul do Cáucaso após uma aparente partilha combinada pelos dois fiadores dos rivais em campo: a Rússia, aliada histórica da Armênia, e a Turquia, que apoia o governo azeri.

A região é vital por seu potencial de escoamento da energia produzida na bacia do mar Cáspio e por ser, historicamente, uma das rotas de invasão potencial do território russo. O status final de Nagorno-Karabakh agora será definido em negociações.

Quem perde é o Ocidente, que vinha buscando apoiar o governo armênio do premiê Nikol Pashinyan, na esperança de tirar o país da órbita de Moscou, de quem depende economicamente. Nesta mesma quarta, foram encerrados exercícios militares entre forças de Ierevan e de Washington.

Pashinyan está com a cabeça política a prêmio, com centenas de manifestantes desde o início da ofensiva azeri à frente de seus escritórios, pedindo sua renúncia. Desafeto de Vladimir Putin, a quem acusava de corpo mole desde o acordo que pôs fim à mais recente guerra com o Azerbaijão, em 2020, ele agora pode perder o cargo.

A ofensiva de Baku foi certeira. Diversas posições militares, com cem tanques segundo Aliyev, foram bombardeadas com mísseis de precisão na terça (19).

Por; Igor Gielow/ Folhapress

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.