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Corrida eleitoral antecipada

O fluxo migratório para a UE se intensificou no verão | Foto: Reprodução

Se antes parecia velada, a campanha para o Parlamento Europeu, que tem eleições em junho de 2024, foi deflagrada. Separadas por poucas horas e alguns quilômetros, duas cenas ocorridas no domingo (17) simbolizam a agitação política na Itália e nos países vizinhos.

No sul, na Lampedusa, a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, recebeu a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, em vias de decidir se tentará um segundo mandato. No norte, na província de Bérgamo, o vice-premiê Matteo Salvini teve como hóspede, na festa de seu partido, Marine Le Pen, a principal voz de oposição na França. Ao centro dos dois encontros, um tema caro à ultradireita do continente -a migração.

O fluxo migratório com destino à União Europeia se intensificou durante os meses do verão europeu e voltou a ocupar espaço no debate político da Itália, o país mais afetado pelas embarcações clandestinas que partem do norte da África. Desde janeiro, chegaram ao país 130 mil pessoas, alta de 91% em relação ao mesmo período do ano passado.

Mesmo França e Alemanha, os países que mais recebem pedidos de asilo de refugiados, viram o assunto esquentar. Nos dois casos, os governos tentam se equilibrar entre a "solidariedade europeia" e a pressão interna de opositores contra o acolhimento de migrantes aportados na Itália. Na França, o presidente Emmanuel Macron é alvo de Le Pen. Na Alemanha, a escalada nas pesquisas do Alternativa para Alemanha (AfD) coloca em ebulição a coalizão no poder, na qual até os Verdes, moderados, defendem mais endurecimento.

No domingo, Meloni e Von der Leyen visitaram o centro de acolhimento e o cais da Lampedusa, ilha da Sicília vizinha à Tunísia que é o principal ponto de entrada de quem atravessa o mar Mediterrâneo. Ambas buscaram anunciar respostas para conter o fenômeno, como o aumento do prazo de detenção para o repatriamento de quem não tem direito à proteção internacional, como migrantes por motivos econômicos e climáticos.

Horas depois, Salvini e Le Pen se alternaram no palco montado em Pontida, tradicional reduto da Liga, partido do vice-premiê. "Vamos defender os portos como Salvini fez corajosamente", disse a francesa.

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