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Um risco para 300 milhões

Estudo é da revista norte-americana Scientific American | Foto: Reprodução

Um ataque nuclear limitado aos silos que guardam os mísseis com ogivas atômicas dos Estados Unidos colocaria em risco de contaminação radioativa mais de 300 milhões de pessoas. No pior dos cenários, 4,6 milhões morreriam nos primeiro quatro dias de exposição.

É o que aponta um novo estudo sobre o apocalíptico tema, que andou fora de moda desde o fim da Guerra Fria e agora está no noticiário constantemente, seja pelas ameaças feitas pela Rússia de Vladimir Putin no contexto de seu confronto com o Ocidente, seja pela expansão nuclear da China ou pelas tensões na península coreana.

Ele foi publicado na terça pela revista norte-americana Scientific American, como parte de um conjunto de reportagens de sua edição de dezembro que busca desestimular o governo dos EUA a renovar seu arsenal de ICBM (mísseis balísticos intercontinentais) mantidos em silos terrestres.

Ele forma, ao lado de ogivas em mísseis e bombas lançadas de aviões e dos modelos disparados por submarinos, a chamada tríade nuclear, que existe desde os anos 1960.

Em 1978, o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, Lew Allen Jr, criou a chamada teoria da esponja, segundo a qual a existência de alvos fixos obrigaria os rivais, então a União Soviética, a despejar uma quantidade proibitiva de seus mísseis para inutilizá-los --daí a metáfora da absorção. Enquanto isso ocorresse, aviões e submarinos poderiam retaliar contra os soviéticos. O risco desestimularia o inimigo de atacar.

Esse cenário previa apenas a troca de fogo nuclear entre instalações militares, destrutiva o suficiente, e não levava em conta aquilo que é visto como inevitável por planejadores: uma escalada que envolva cidades e indústrias como alvo --tal temor manteve em dois os ataques atômicos até hoje, ambos feitos pelos EUA contra o Japão na Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Na Guerra Fria, ela era chamada de equilíbrio do terror ou MAD, sigla inglesa para destruição mutuamente assegurada, ou "louco" naquela língua. As tensões do mundo se renovaram e o Pentágono anunciou em 2017 um plano de revitalização de seu arsenal nuclear por 30 anos, estimado em valores atuais em US$ 1,5 trilhão (R$ 7,4 trilhões) por 30 anos.

Por: Igor Gielow (Folhapress)

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