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Guerra sem dia para acabar

Putin falou como se estivesse na abertura da guerra | Foto: Reprodução

Com a confiança renovada após uma série de boas notícias no campo de batalha e na política, Vladimir Putin afirmou na quinta que a Guerra da Ucrânia só vai acabar quando a Rússia "atingir seus objetivos, que não mudaram" desde a invasão do vizinho em fevereiro de 2022.

"Vou lembrá-lo do que estamos falando: a desnazificação da Ucrânia, sua desmilitarização, seu status neutro", afirmou ao responder uma questão na sua entrevista coletiva de fim de ano, tradição que havia sido quebrada no ano passado, sob o peso do insucesso russo na guerra naquele momento.

Putin fundiu o evento com outro, a tomada de perguntas de cidadãos selecionados por toda a Rússia, e encheu o pavilhão de congressos Gostini Dvor ("sala de estar"), a um quarteirão do Kremlin, com 600 jornalistas --inclusive alguns ocidentais, que também têm as eventuais questões submetidas ao governo antes de fazê-las.

Tudo isso visou dar um verniz de renovado ímpeto ao russo, não por acaso uma semana após ele dizer que irá disputar a reeleição em março, um segredo de polichinelo, mas tudo dentro do teatro político. A Ucrânia até tentou aguar o chope de festa lançando nove drones contra Moscou na madrugada, mas eles foram abatidos.

Putin falou como se estivesse nos dias de abertura da guerra, quando parecia que ia conquistar Kiev em horas -percepção dividida com o Ocidente, que, quando viu o fracasso dos russos, com tropas insuficientes e técnicas obsoletas, colocou todas as fichas na resistência de Volodimir Zelenski.

"Sobre a desmilitarização, se eles não quiserem chegar a um acordo, então nós seremos forçados a tomar outras medidas, incluindo militares. Ou iremos concordar sobre certos termos", afirmou, dizendo que a Rússia estava pronta para isso nas conversas que ocorreram com os ucranianos em Istambul, que foram abandonadas por Kiev porque implicariam tornar o país uma área neutra entre Moscou e a Otan (aliança militar ocidental), além de prever perda territorial.

Hoje, 20% da Ucrânia está ocupada, a contraofensiva lançada por Zelenski em junho fracassou e Putin está pressionando no leste do país, levando a uma crescente onda de desânimo entre seus apoiadores.

Por: Igor Gielow (Folhapress)

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