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Sem munição, sem ataques

General Oleksandr Tarnavskii falou sobre situação militar | Foto: Reprodução

A Ucrânia está tendo de reduzir o ritmo de suas operações contra a invasão russa devido à falta de auxílio militar do Ocidente, particularmente munição de artilharia o item mais precioso ao longo dos 1.000 km de frente de batalha no país.

A afirmação foi feita ontem à agência de notícias Reuters pelo general Oleksandr Tarnavskii, um dos mais respeitados oficiais ucranianos, que liderou o último grande sucesso de Kiev na guerra, a retomada da cidade de Kherson em novembro de 2022.

Ela pode ser lida como parte do esforço do governo de Volodimir Zelenski de sensibilizar seus aliados ocidentais numa semana decisiva. A oposição republicana no Congresso americano está bloqueando um pacote de R$ 300 bilhões de ajuda para 2024 a Kiev, enquanto a Hungria lidera o veto a um pacote de cerca de R$ 250 bilhões da UE para o mesmo período.

Sem o dinheiro, ou parte dele, há dúvidas sobre a capacidade ucraniana de se manter acima da linha d'água no conflito iniciado pela invasão das forças de Vladimir Putin em fevereiro do ano passado.

"Temos um problema com munição. Os volumes que recebemos não são suficientes, então os estamos redistribuindo. Estamos replanejando missões que havíamos estabelecido e as fazendo menores, porque precisamos prover [os soldados]".

Do início da guerra até 31 de outubro, segundo estimativa do Instituto para a Economia Mundial de Kiel (Alemanha), R$ 1,2 trilhão foi despejado nos cofres e arsenais de Kiev. Só que, de agosto em diante, o ritmo de ajuda despencou, sendo 90% menor do que o registrado no mesmo período de 2022.

Na semana passada, Zelenski chegou a viajar para Washington e Oslo, atrás de apoio, mas recebeu apenas tapas nas costas por ora. Os EUA liberaram uma fatia final de auxílio financeiro já previsto, mas não há acordo sobre 2024, o que levou o presidente Joe Biden a dizer que seus rivais republicanos, de olho na Casa Branca no ano que vem, dariam "um presente de Natal" a Putin.

Além da política doméstica, seja nos EUA ou na Hungria, que quer ver bilhões de euros em fundos congelados pela UE devido a seu namoro com a autocracia, há o cansaço com o conflito.

Por: Igor Gielow (Folhapress)

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