Por:

Zelenski de olho nos EUA

Kiev se preocupa com mudança de rumos na Casa Branca | Foto: Reprodução

Em meio às dúvidas acerca do comprometimento do Ocidente com sua resistência à invasão promovida pela Rússia da Ucrânia, o presidente Volodimir Zelenski disse ontem não acreditar que será traído pelos aliados, mas admitiu sem citar nomes temer a eleição de Donald Trump nos EUA.

"Eu estou certo de que os EUA não irão nos trair. O apoio financeiro americano e europeu irá continuar", afirmou.

O ucraniano tentou pintar um quadro positivo da situação na guerra, ainda que admita que "foi um ano difícil" sua propalada contraofensiva para retomar o sul do país e isolar a Crimeia da Rússia fracassou, e Moscou teve mais ganhos, ainda que incrementais, do que Kiev no conflito.

O problema de Zelenski começa no Congresso americano, onde a oposição republicana vem vetando a ajuda de R$ 300 bilhões para 2024, proposta pelo governo Joe Biden, e na UE, onde a Hungria lidera a resistência a um pacote de R$ 250 milhões para os ucranianos.

Nenhuma das questões parece estar próxima da solução. Zelenski ressaltou que começa o ano com apoio anunciado de peso da Alemanha, que prometeu algo como R$ 40 bilhões em 2024, embora os valores não estejam assegurados ainda.

"Estamos numa posição mais forte agora", disse, comparando a realidade militar com a do início da guerra. É fato, mas ele omite que a Ucrânia teve um momento de quase virada de onda no final de 2022, que os países da Otan usaram como argumento para enviar mais armas e dinheiro.

O processo ao longo de 2023 foi confuso, com a contraofensiva sendo atrapalhada pelo que a cúpula militar admitiu ser soberba de planejamento. O ministro da Defesa caiu, além de tudo, em meio à crise e a escândalos de corrupção, e Zelenski disse nesta terça ter apenas "uma relação de trabalho" com o chefe militar do país, Valeri Zalujni.

Zelenski foi direto sobre o risco percebido. "Se as políticas do próximo presidente forem diferentes, seja quem for ele ou ela, mais frias, ou mais frugais, eu acho que esses sinais terão um grande impacto no curso da guerra. Porque é assim que o mundo funciona. Se uma parte forte quebra, o mecanismo todo vai junto".

Por: Igor Gielow (Folhapress)

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.