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'Irã rumo à bomba atômica'

Presidente do Irã, Ebrahim Raisi, recebeu em março o diretor-geral da AIEA, Rafael Grossi | Foto: Reprodução

A comunidade internacional, Estados Unidos à frente, está assistindo impassível o Irã cruzar as linhas vermelhas estabelecidas por seus adversários rumo à fabricação de uma bomba atômica.

Esta é a avaliação de Rafael Grossi, o diretor-geral da AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), responsável por mediar as negociações que visam evitar que o regime dos aiatolás adquira armas nucleares.

"Não é porque você não olha para o problema que ele desaparece. A questão segue, e o Irã tem enriquecido urânio em níveis altos", afirmou o argentino à Folha de S.Paulo, da sede da AIEA em Viena.

"A situação com o Irã é muito frustrante. Há uma redução da visibilidade que começou em 2021. Eu tomei medidas para mitigá-la, mas foram apenas parcialmente bem-sucedidas", disse ele. "O nível de cooperação hoje é mínimo."

Há dois anos e meio, o acesso de inspetores da AIEA dentro do escopo do acordo nuclear de 2015 está virtualmente cortado, com exceções pontuais. Aquele arranjo havia sido capitaneado pelos EUA sob o governo democrata de Barack Obama, mas foi rompido por seu sucessor republicano, Donald Trump, em 2018.

Grosso modo, o acordo previa o relaxamento de sanções econômicas contra Teerã em troca do compromisso, monitorado pela AIEA, de que o programa nuclear do país teria apenas fins pacíficos. Trump via um embuste nos termos.

A volta dos democratas ao poder com Joe Biden em 2021 foi acompanhada pela promessa da retomada de negociações. "Não aconteceu nada", afirmou Grossi, e o Irã voltou a operar seu programa de forma acelerada e sem vigilância.

Por: Igor Gielow (Folhapress)

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