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Dois mil presos em 10 dias

As detenções foram uma de suas principais respostas à onda de violência | Foto: Reprodução

"As prisões do Equador não são o céu, são o inferno", disse o então responsável pelo sistema penitenciário do país sul-americano, coronel Fausto Cobo, ao reassumir o cargo em outubro, admitindo que não seria capaz de resolver o problema nas poucas semanas que restavam do último governo.

Foi a este sistema penitenciário que o presidente recém-empossado Daniel Noboa adicionou, nos últimos dez dias, mais 2.369 pessoas, 158 delas tratadas como terroristas. As detenções foram uma de suas principais respostas à onda de violência que espalhou pânico no último dia 9, com ataques a bombas e sequestros como o de um canal de TV ao vivo.

O número de presos entre aquela tarde e a manhã da última sexta representa 8% do total de 31 mil encarcerados em 29 mil vagas contabilizadas até o fim de dezembro pelo Snai (órgão que administra as cadeias) --com a ressalva de que nem todos os novos detidos devem permanecer no sistema.

Se seguir nesse ritmo, com 237 capturados por dia, o Equador poderia dobrar a quantidade de presos em quatro meses. São resultados divulgados pelas Forças Armadas e pela Polícia Nacional, que têm atuado juntas desde que Noboa decretou um "conflito armado interno" e classificou organizações criminosas de terroristas.

A tática de prisões em massa, apoiada por grande parte da população equatoriana, faz ressoar o nome de Nayib Bukele, popular presidente de El Salvador, famoso por ter conseguido enfraquecer as facções ao custo de infrações de direitos humanos e restrição a liberdades fundamentais dos salvadorenhos.

O país centro-americano sustenta a maior taxa de prisões do mundo, com 1.086 encarcerados a cada 100 mil habitantes, mostram dados do site Prison Brief, da Universidade de Londres.

Por: Júlia Barbon (Folhapress)

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