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Guerra está longe do fim

Armados, militares de Israel se vestiram de médicos e executaram três palestinos em hospital | Foto: Reprodução/ X

Militares de Israel se disfarçaram de médicos e pacientes, invadiram um hospital na Cisjordânia ocupada e mataram três palestinos, um dos quais estaria armado, durante operação ocorrida na terça (30).

Imagens divulgadas pela rede chinesa CCTV mostram mais de dez soldados, alguns usando trajes femininos e outros vestidos de profissionais de saúde, andando por um corredor da unidade médica com armas em punho. Um deles aparece segurando uma cadeira de rodas. A operação foi coordenada por uma unidade secreta das forças israelenses.

Os militares invadiram o hospital Ibn Sina, localizado na cidade de Jenin. Tel Aviv identificou um dos palestinos mortos como Mohammed Jalamneh, acusado de manter contatos com o quartel-general do Hamas no exterior e de planejar um novo ataque contra Israel inspirado nos atentados de 7 de outubro, quando terroristas adentraram em território israelense e assassinaram cerca de 1.200 pessoas.

Líderes do Hamas admitiram que um dos mortos pertencia ao grupo. Os outros dois foram identificados como Muhammad Ayman Ghazawi e Basel Ayman Ghazawi. Eles eram irmãos e seriam integrantes da facção Jihad Islâmico, que também atua na Faixa de Gaza e não havia se manifestado sobre o caso. O hospital Ibn Sina comunicou que um deles recebia tratamento para um ferimento que havia paralisado uma de suas pernas.

O diretor do centro médico, Naji Nazzal, disse à agência de notícias AFP que os militares usaram armas de fogo equipadas com silenciadores. "A operação aconteceu na ala de reabilitação do hospital", disse ele. Imagens divulgadas pelas agências de notícias mostram camas hospitalares manchadas de sangue.

Um dos homens mortos estava armado com uma pistola, disseram autoridades israelenses. Segundo Tel Aviv, a operação comprova que os terroristas do Hamas se abrigam em áreas civis, incluindo hospitais, e usam a população como escudo. A facção já rejeitou várias vezes as acusações.

Instalações, veículos e pessoal médico são protegidos por lei nas situações de conflito armado. Essa proteção está contida na primeira Convenção de Genebra - a primeira norma jurídica de valor universal adotada para regular as guerras no mundo.

De acordo com a convenção, não é um problema legal que ambulâncias e hospitais de Gaza ou na Cisjordânia estejam atendendo e transportando combatentes do Hamas. A norma determina que os locais médicos não podem ser alvos por prestar assistência a integrantes de organizações terroristas.

Há, no entanto, uma exceção: se um dos lados da guerra fizer uso dessa proteção para cometer um "ato prejudicial ao inimigo", ela pode ser suspensa. Portar armas leves de uso pessoal como pistolas e fuzis dentro de hospitais e de ambulâncias não é o suficiente para caracterizar um "ato prejudicial ao inimigo", mas usar um hospital para lançar ataques com foguetes ou usar ambulâncias para transportar armas e munições às linhas de frente, sim. Se isso acontecer, a proteção pode ser suspensa.

Em paralelo à ação no hospital, Israel deu continuidade às ações em Gaza nesta terça. Militares voltaram a travar batalhas contra membros do Hamas na porção norte do território, enquanto regiões do sul foram atingidas por novos bombardeios. Desde o início da guerra, 26.637 palestinos foram mortos e mais de 65 mil ficaram feridos, segundo a organização terrorista, números que aumentam a cada dia.

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