O porta-voz do primeiro-ministro da Alemanha, Olaf Scholz, afirmou que Berlim vai prender Binyamin Netanyahu caso o premiê israelense viaje para o país europeu sob uma ordem de prisão do TPI (Tribunal Penal Internacional).
"Nós cumprimos a lei", afirmou Steffen Hebestreit ao responder, em uma entrevista coletiva realizada na última quarta-feira (22), se o Judiciário alemão vai acatar o que for decidido pela corte.
Como o TPI não tem força policial, a prisão de suspeitos deve ser realizada por Estados-membros do tribunal.
A declaração do porta-voz foi dada um dia depois de o embaixador de Israel em Berlim, Ron Prosor, fazer um apelo às autoridades alemães por um posicionamento a respeito da medida do TPI. Na véspera, o procurador do tribunal, Karim Khan, apresentou um pedido de mandado de prisão para Bibi, como o premiê israelense é chamado, e três líderes do Hamas.
O pedido desagradou aos dois lados tanto o grupo terrorista, que matou cerca de 1.200 pessoas, segundo Tel Aviv, ao invadir o sul de Israel em outubro, quanto Netanyahu, cuja operação em Gaza tirou a vida de mais de 35 mil palestinos, de acordo com a facção.
"Isso é ultrajante! O 'Staatsräson' alemão está sendo posto à prova sem 'se' ou 'mas'", afirmou Prosor na rede social X. "O procurador-geral equipara um governo democrático ao Hamas, demonizando e deslegitimando Israel e o povo judeu. Ele perdeu completamente a sua bússola moral. A Alemanha tem a responsabilidade de reajustar esta bússola."
O compromisso com a segurança de Israel é normalmente colocado como parte fundamental do "Staatsräson alemão", ou seja, a razão de ser do Estado europeu.
O termo foi usado pela ex-primeira-ministra alemã Angela Merkel ao discursar no Knesset, o Parlamento de Israel, em 2008.
Scholz tem revisitado esse conceito após os ataques do Hamas. Dias após o atentado, por exemplo, o político afirmou que só havia um lugar para a Alemanha naquele momento ao lado de Tel Aviv.
"É a isso que nos referimos quando dizemos que a segurança de Israel é a razão de ser do Estado da Alemanha", afirmou o premiê na ocasião.