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Corte de superpoluentes

Diante dos sucessivos recordes de temperatura no planeta, os cientistas têm discutido alternativas para frear os termômetros de forma rápida. Um novo relatório propõe aumentar os esforços contra os chamados superpoluentes climáticos: um grupo de gases-estufa menos abundantes, mas com alto potencial de aquecimento.

Produzido pelo Instituto de Governança e Desenvolvimento Sustentável (IGSD), organização não governamental baseada em Washington, nos EUA, o briefing científico afirma que o corte dessas substâncias pode evitar que a Terra esquente até 0,6°C ate 2050. O potencial é ainda maior na América Latina e no Caribe, onde a redução na temperatura pode chegar a 0,9°C.

Embora sejam menos abundantes do que o dióxido de carbono (CO2), os poluentes climaticos de vida curta, cujos principais representantes são o metano (CH4), o carbono negro (fuligem), o ozonio troposferico (O3), e os hidrofluorcarbonos (HFCs), podem ser entre dezenas e milhares de vezes mais potentes no aquecimento da Terra do que o CO2.

A incorporação de uma estratégia abrangente para reduzir essas substâncias teria o potencial de evitar quase quatro vezes mais aquecimento, no mesmo intervalo temporal, do que as ações focadas apenas na diminuição do gás carbônico, o mais famoso entre os gases causadores de efeito-estufa.

E, enquanto o CO2 pode ficar na atmosfera por mais de três séculos, esses superpoluentes têm meia-vida muito menor.

Segundo o relatório, caso a humanidade consiga zerar emissoes liquidas de CO2 ate 2050 -- considerada uma "descarbonizacao agressiva"-- poderia evitar apenas cerca de 0,2°C de aquecimento adicional.

Por: Giuliana Miranda (Folhapress)