A Assembleia-Geral da OEA (Organização dos Estados Americanos) aprovou, na quinta, uma resolução que condena "a mobilização ilegal" do Exército boliviano na tentativa de golpe de Estado no país ocorrida na quarta (26).
O texto foi apresentado conjuntamente por Brasil, Paraguai, Colômbia, Antígua e Barbuda, Uruguai, México e Chile, além de ter sido copatrocinado por Estados Unidos, Equador, Guiana, Suriname, Canadá e Peru. A aprovação ocorreu por aclamação.
A resolução chama de ilegal a mobilização de unidades do Exército em La Paz na quarta. Liderados pelo general Juan José Zúñiga, tropas cercaram a praça onde fica o palácio presidencial e chegaram a invadir o edifício. O presidente Luis Arce demitiu os comandantes das Forças Armadas e nomeou novos chefes militares, que ordenaram a desmobilização das tropas.
A declaração aprovada na OEA "condena veementemente" a mobilização militar e diz que ela constitui uma "ameaça ao regime constitucional" da Bolívia e uma "insubordinação flagrante" às ordens de Arce.
Também denuncia "qualquer tentativa de desestabilização das instituições democráticas" bolivianas e expressa solidariedade ao povo e ao governo do país.
A Assembleia-Geral da OEA está reunida nesta semana em Assunção, no Paraguai. Ainda na quarta, altos funcionários dos países presentes denunciaram a tentativa de golpe.
O fato de a intentona ter coincidido com a reunião da OEA facilitou a articulação da resposta internacional contra o golpe. Os países do Mercosul publicaram, nesta quinta, uma nota conjunta para condenar a tentativa de golpe. O bloco é formado por Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. A Bolívia aguarda ratificação do seu Congresso para se incorporar.
O Mercosul diz no comunicado que a mobilização militar visava "desestabilizar o governo democrático" boliviano.
"Da mesma forma, em consonância com os princípios do Direito Internacional, [os países do Mercosul] rejeitam qualquer tentativa de mudança de poder por meio da violência e de forma inconstitucional que atente contra a vontade popular", afirma a nota.
Por: Ricardo Della Coletta (Folhapress)