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O 'choque de adrenalina'

Atual ponto de tensão no Mercosul, a diplomacia da Argentina pediu na manhã deste domingo (7) um "choque de adrenalina" no bloco sul-americano, uma revisão completa do orçamento e também a previsão de acordos bilaterais que tornem o bloco mais ágil.

Os recados ficaram a cargo da chanceler Diana Mondino, que chefia a delegação de Buenos Aires diante da ausência do presidente Javier Milei, que ignorou a cúpula do bloco em Assunção, no Paraguai, e optou por ir ao Brasil para uma conferência conservadora.

"Como dizemos na Argentina, 'no hay plata'", ironizou Mondino. "Então usemos os recursos de forma mais eficiente." A Argentina tem tentado reduzir institutos como o de Políticas Públicas e Direitos Humanos do Mercosul, hoje chefiado por uma brasileira, Andressa Caldas.

Na contramão, o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, usou seu discurso para ressaltar "a importância de ampliar as atividades do instituto". Foi um recado não nominal aos argentinos em um tema que já está na agenda dos dois países, mas sem acordo no horizonte.

Enquanto isso, Mondino seguiu com recados. "Não aproveitamos nossa capacidade. Houve um estancamento no comércio entre países-membros". Segundo ela, em 1998, 25% das exportações dos membros eram entre colegas, índice que caiu para 11% em 2023.

"É uma agenda que tem um alto grau de inércia. O mundo caminha muito mais rápido e não temos agilidade para nos projetarmos ao futuro", disse a chanceler de Milei.

Sob o projeto ultraliberal, Buenos Aires indica querer uma agenda unicamente econômica para o Mercosul, ignorando projetos sociais. "Nosso governo quer desregular, queremos uma economia mais aberta. Queremos um Mercosul que nos ajude a acessar grandes mercados externos."

A reunião de ministros de Relações Exteriores também foi marcada por recados não nominais à União Europeia (UE) enquanto o acordo de livre-comércio com o bloco europeu não sai do papel.

Por: Mayara Paixão (Folhapress)