A deputada democrata Alexandria Ocasio-Cortez protocolou pedidos de impeachment dos juízes conservadores da Suprema Corte Clarence Thomas e Samuel Alito. Conhecida como AOC, a deputada é uma das lideranças da ala mais à esquerda de seu partido, e já havia prometido que apresentaria os pedidos após a instância máxima da Justiça americana conceder imunidade parcial de persecução penal a presidentes, em vitória para Donald Trump.
A ação, no entanto, é mais simbólica do que prática. Tendo em vista a maioria republicana na Câmara, as chances de o processo avançar são ínfimas. Assim, o pedido de impeachment acaba sendo mais uma ferramenta de pressão pública contra Thomas e Alito, cuja credibilidade vem sendo questionada após reportagens publicadas desde o ano passado mostrarem que ambos tiveram despesas de viagens pagas por nomes conservadores, entre outros presentes.
A essas críticas se somam as atividades políticas das mulheres de ambos, envolvidas com movimentos conservadores alinhados a Trump. Isso motivou pedidos para que os juízes se recusassem de casos envolvendo o ex-presidente, alegando um conflito de interesses -ignorados por ambos.
"A falha repetida dos juízes Thomas e Alito, ao longo de décadas, em divulgar que receberam milhões de dólares em presentes de indivíduos com interesses em casos perante a corte é explicitamente contra a lei. E sua recusa em se declarar impedidos em questões e casos específicos diante da corte, nos quais seus benfeitores e cônjuges estão implicados, representa nada menos que uma crise constitucional. Essas falhas, por si só, constituiriam uma transgressão grave digna de remoção padrão em qualquer tribunal inferior e desqualificariam qualquer indicado à mais alta corte desde o início", afirma AOC no pedido.
"Dada a incapacidade demonstrada da corte em preservar sua própria conduta legítima, cabe ao Congresso conter a ameaça que isso representa para nossa democracia e para os centenas de milhões de americanos prejudicados pela crise de corrupção que se desenrola dentro da Corte", completa. O pedido é apoiado por outros oito deputados democratas.
Fernanda Perrin (Folhapress)