O ministro de Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel, disse à reportagem que o país europeu precisa de imigrantes por questões econômicas e para enfrentar uma situação de déficit demográfico --o Brasil é origem da maior comunidade de estrangeiros residentes em Portugal, cerca de 400 mil pessoas.
"Evidente que para Portugal há um desafio demográfico. A população portuguesa está envelhecida. É um dos países mais envelhecidos do mundo, e da Europa em particular", afirma Rangel.
"Nós precisamos economicamente contar com migrações. Por isso é que, para nós, porque falam português, porque há uma afinidade afetiva grande, os povos, os cidadãos que vêm da CPLP [Comunidade dos Países da Língua Portuguesa] têm um tratamento prioritário".
O chanceler falou com a reportagem durante as reuniões do G20 no final de julho, no Rio.
"O Brasil tem uma população muito superior a qualquer outro país de língua portuguesa. É natural que o fluxo maior venha sempre do Brasil. Portanto, nós contamos, obviamente, com esse intercâmbio para resolver algum dos nossos déficits demográficos".
O governo de centro-direta liderado pelo primeiro-ministro Luís Montenegro tem endurecido políticas migratórias, mas os países da CPLP -entre eles o Brasil- têm sido poupados.
Um acordo de mobilidade para membros da comunidade facilita os trâmites de residência em Portugal para os nacionais da comunidade. Mas a Comissão Europeia abriu um processo de infração contra Portugal, sob o argumento de que autorizações de residência para nacionais de países terceiros devem ser unificados no bloco -Portugal nega que o acordo viole normas europeia.
Por Ricardo Della Coletta (Folhapress)