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Rússia ordena retirada

A Rússia retirou mais de 76 mil pessoas de áreas da região de Kursk, no sul, próxima à fronteira com a Ucrânia, após avanços das forças ucranianas no território na última semana.

Há relatos de batalhas intensas entre as tropas até 20 km dentro da região de Kursk, no maior ataque de Kiev contra território soberano da Rússia desde o início da guerra no Leste Europeu, em 2022.

Até o início desta ofensiva, a guerra vinha sendo travada quase exclusivamente dentro das fronteiras da Ucrânia.

O Kremlin decretou estado de emergência na região de Kursk na quarta (7). A medida suspende provisoriamente alguns direitos, como o de ir e vir sem checagem, e facilita a movimentação de tropas.

Na sexta (9), o governo de Vladimir Putin anunciou o envio de mais tropas para conter a incursão, além de uma lista de equipamentos militares que incluía lançadores BM-21 Grad e caminhões Ural e Kamaz.

Putin denunciou uma "provocação em grande escala" por parte da Ucrânia.

Logo em seguida, na madrugada de sábado, medidas antiterrorismo foram implementadas em Kursk e em outras duas regiões que fazem fronteira com a Ucrânia: Belgorodo e Briansk.

O Comitê Antiterrorista da Rússia acusou a Ucrânia de uma "tentativa sem precedentes de desestabilizar a situação em várias regiões" do país e afirmou que as tropas de Kiev feriram civis e destruíram prédios residenciais.

Neste sábado (10), o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, reconheceu pela primeira vez que forças ucranianas estão lutando em Kursk. Em uma mensagem de vídeo, ele disse que tinha discutido a operação com o principal comandante militar da Ucrânia, Oleksandr Sirskii.

"Hoje eu recebi diversos relatórios sobre nossas ações para levar a guerra ao território do agressor", disse o presidente. "Estou agradecido a cada unidade das forças de defesa por garantir que a Ucrânia prove que pode restaurar a justiça e aplicar a pressão necessária contra o agressor".

Zelenski vinha se mantendo em silêncio sobre as operações em solo russo. Ele havia se referido indiretamente à incursão em seu pronunciamento à nação na quinta (8): "A Rússia trouxe a guerra para o nosso país. Agora, deve sentir os seus efeitos", disse.