Por Igor Gielow (Folhapress)
Um dia depois do inédito ataque com pagers-bomba de membros do Hezbollah, o Líbano registrou nesta quarta (18) mais explosões em diversas cidades, focadas em walkie-talkies usados pelo grupo. Ao menos 14 pessoas morreram e 450 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde local.
Sem assumir a responsabilidade que até aliados lhe atribuem, Israel afirmou que uma nova fase da guerra iniciada após o ataque de 7 de outubro de 2023 do Hamas, aliado do Hezbollah, está à vista.
"O centro de gravidade está movendo para o norte [Líbano]. Estamos desviando forças, recursos e energia para o norte. Eu acredito que estamos no início de uma nova fase desta guerra, e temos de nos adaptar", disse o ministro da Defesa, Yoav Gallant, que tem sido pressionado pelo premiê Binyamin Netanyahu a deixar o cargo por desagradar a sua base política religiosa.
O premiê, por sua vez, também ignorou a autoria e repetiu que iria garantir a volta dos cerca de 80 mil moradores forçados a deixar o norte de Israel devido às hostilidades.
Segundo a agência Reuters, houve explosões relatadas na capital, Beirute, nas cidades de Nabatieh, Tiro e Sídon, no sul do país. A Agência Nacional de Notícias disse que também houve explosões de painéis solares e dispositivos de biometria em casas em diversos pontos do país.
O ataque de terça (17) havia deixado ao menos 12 mortos e 2.800 feridos, 300 deles em estado grave. Ele disparou novamente o alarme de um conflito mais amplo na região —o Conselho de Segurança da ONU discutirá o tema nesta sexta (20).
Os episódios foram atribuídos pelo Hezbollah, que como os palestinos do Hamas é bancado pelo Irã, a Israel. O governo libanês fez a mesma acusação, que não foi nem confirmada, nem desmentida por Tel Aviv. Os walkie-talkies, rádios de comunicação que também não empregam localizadores, foram comprados segundo informações de agências de segurança do Líbano na mesma época dos pagers. Um desses órgãos disse à Reuters de forma anônima que os explosivos foram implantados em algum estágio da produção, o que a fabricante nega. A nova rodada de explosões fará crescer ainda mais a tensão regional.