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Em Berlim, Biden realiza seu último ato diplomático

No que é considerado pela mídia americana como um último ato diplomático de sua administração, Joe Biden será recebido nesta sexta (18) em Berlim pelo chanceler alemão, Olaf Scholz, e pelo presidente Frank-Walter Steinmeier. Uma pequena lista de convidados reforça o simbolismo do encontro: Keir Starmer, primeiro-ministro do Reino Unido, e Emmanuel Macron, presidente francês.

Biden será condecorado por Steinmeier por seus esforços em apoiar a Ucrânia na guerra contra a Rússia e proteger a Europa. A homenagem reflete de certa forma a expectativa europeia negativa diante de um eventual segundo mandato de Donald Trump, que já afirmou que consegue interromper o conflito com um simples telefonema. O problema não está na bravata, mas na propalada interrupção de financiamento ao esforço de guerra ucraniano, até aqui fundamental.

O presidente americano era esperado na semana passada na Alemanha, mas adiou a viagem para se concentrar na reação aos estragos de dois furacões na Flórida, que também se tornou uma questão eleitoral após uma onda de desinformação nas redes sociais e em parte da mídia pró-Trump.

A agenda cancelada previa um encontro com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, que nesta semana cumpre uma espécie de road show de seu "Plano de Vitória". Entre outros pontos, a proposta prevê a adesão imediata do país à Otan e o aumento de sua capacidade bélica, a ponto de atingir alvos mais sensíveis na Rússia.

Na quinta (17), Zelensky foi recebido em Bruxelas, onde o Conselho Europeu se reúne para dois dias de discussão sobre o futuro da guerra na Ucrânia, o conflito no Oriente Médio e um propalado novo pacote de medidas anti-imigração. Diplomatas esperam que Biden incremente o apoio à Ucrânia nos meses finais de mandato, especialmente caso Kamala Harris perca a eleição.

Por José Henrique Mariante (Folhapress)