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Israel: 'emigração voluntária'

Em nova declaração controversa feita por um integrante extremista da coalização liderada pelo premiê Binyamin Netanyahu, o ministro das Finanças de Israel, Bezalel Smotrich, disse nesta terça-feira (26) que Tel Aviv deveria conquistar a Faixa de Gaza e "reduzir pela metade" a população palestina com a "emigração voluntária".

"Podemos e devemos conquistar Gaza. Não devemos ter medo desta palavra", disse Smotrich em um evento organizado pelo Conselho Yesha, organização que representa os colonos na Cisjordânia ocupada.

"E podemos criar uma situação na qual, em dois anos, a população de Gaza será reduzida pela metade", acrescentou ele ao mencionar o que chamou de emigração voluntária, porém sem detalhar o plano.

Líder do Partido Sionista Religioso, de extrema direita, Smotrich disse ainda que o segundo mandato de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos abre uma "oportunidade única" para que esse movimento de emigração ocorra. O republicano promete apoio incondicional a Israel e, durante o seu primeiro governo, tomou uma série de decisões contrárias aos interesses dos palestinos, incluindo o reconhecimento de Jerusalém como capital israelense, revertendo tradição da política externa americana.

Em 14 de novembro, a ONG Human Rights Watch descreveu o deslocamento forçado de palestinos em Gaza como um crime contra a humanidade. Para Israel, trata-se de "acusação completamente falsa".

A campanha de Tel Aviv em Gaza matou mais de 44,2 mil pessoas e desalojou quase toda a população palestina pelo menos uma vez, de acordo com o Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas. O conflito começou em outubro do ano passado, após o mega-atentado do grupo terrorista contra Israel.

Não é a primeira vez que declarações controversas feitas por Smotrich vêm à tona. Em junho, ele disse a colonos na Cisjordânia ocupada que o governo de Israel está envolvido em um esforço sigiloso para mudar de forma irreversível a maneira como o território é governado. Segundo ele, o plano prevê mais controle de Tel Aviv sobre a região.

Em áudio, Smotrich, pode ser ouvido dizendo que o objetivo da medida é impedir que a Cisjordânia se torne parte de um Estado palestino. O posicionamento oficial do governo israelense é de que o status da região permanece aberto a negociações entre líderes israelenses e palestinos.

Tanto israelenses quanto palestinos reivindicam a Cisjordânia como parte de seus Estados. Tanto é que a ONU a princípio propôs administrar a região sob um "regime internacional especial" na resolução de 1947 em que estabeleceu a partilha da Palestina entre árabes e judeus.

Cerca de 700 mil colonos israelenses vivem em assentamentos na Cisjordânia ocupada, incluindo Jerusalém Oriental - os habitantes palestinos da região somam cerca de 2,7 milhões.

Os assentamentos são considerados ilegais ou ilegítimos pela maior parte da comunidade internacional, e sua expansão é para os palestinos um dos principais obstáculos a uma paz duradoura. Ao mesmo tempo, a coalizão de ultradireita liderada por Netanyahu encoraja essas ocupações.

Em outra frente do conflito no Oriente Médio, as forças israelenses fizeram, também nesta terça, fortes ataques contra posições do Hezbollah no Líbano. As ações ocorreram enquanto o gabinete de Netanyahu discute um cessar-fogo com o grupo extremista islâmico.