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Celebrando o impeachment

Coreografias de k-pop e até uma batucada ao estilo brasileiro. Assim os sul-coreanos celebraram a aprovação pela Assembleia Nacional, no sábado (14), do impeachment do presidente Yoon Suk Yeol. A mobilização popular foi fundamental para pressionar os parlamentares do partido governista a votarem pelo impedimento —foram 12 dissidências, 4 votos a mais do que o necessário para o processo.

Nem o frio de dois graus ou as restrições no acesso ao metrô afastaram os manifestantes —mais de dois milhões de pessoas ocuparam as avenidas próximas à Assembleia para acompanhar a votação, de acordo com grupos que organizaram os atos. A polícia não havia divulgado estimativas de público.

A aprovação, pouco depois das 17h no horário local, foi acompanhada de comemorações dignas de uma Copa do Mundo —pulos, gritos de guerra, abraços e também lágrimas, de alegria e de alívio, depois de 11 dias de tensão após a surpreendente declaração da lei marcial, no último dia 3.

A celebração teve todas as características de um grande festival. Músicas pop, coreografias e principalmente as características varinhas de LED, que coloriram a capital coreana. Algumas eram identificadas com nomes de grupos famosos, incluindo EXO ou BTS, enquanto outras foram adaptadas com as duas sílabas mais pronunciadas nos últimos dias: "tan ek", impeachment em coreano.

Às varinhas juntaram-se milhares de bandeiras identificando grupos curiosos, como a "Associação Nacional dos Milesians", um personagem de jogo.

A multidão erguia as varinhas e balançava as bandeiras a cada discurso de lideranças do Partido Democrático, da oposição, intercalado com músicas k-pop. A programação se encerrou com um discurso emocionado do líder da oposição e virtual candidato à Presidência, Lee Jae-myung. "Vamos construir juntos uma República que seja verdadeiramente democrática", afirmou para a plateia que gritava seu nome e também palavras de ordem, como "prendam Yoon Suk Yeol".

Às 19h30, o presidente Yoon teve suspensas suas funções de Chefe de Estado, que passaram a ser de competência do primeiro-ministro. O processo segue, agora, para o julgamento da Corte Constitucional, que deverá referendar o impeachment e convocar novas eleições em até 180 dias —há expectativa de que o processo seja mais breve.

Por Carlos Gorito (Folhapress)