Depois de degradar boa parte da produção energética da Ucrânia, a Rússia começou a paralisar a já combalida indústria metalúrgica do país de Volodimir Zelenski.
O avanço das forças de Vladimir Putin contra o centro logístico de Pokrovsk, na província de Donetsk (leste), trazem mais do que o risco do colapso da defesa ucraniana em toda a região: ameaçam inviabilizar a produção de aço do país invadido há quase três anos.
Nesta segunda (13), relatos inicialmente divulgados pela agência Reuters e depois confirmados pela mídia ucraniana mostraram que a usina de produção de coque em Pokrovsk, a única do país, foi fechada.
O produto é o resultado da queima em alta temperatura sem oxigênio do carvão mineral, e é usado como fonte primária do carbono para o aço e para a queima do minério de ferro nos altos-fornos.
Para piorar, a região sedia o maior complexo de minas de carvão da Ucrânia. Nesta segunda, tropas russas tomaram uma cidade que faz parte do sistema, Pischane. Segundo o site de monitoramento da invasão DeepState, já há batedores a menos de 2 km do centro de Pokrovsk, e minas da cidade estão sendo evacuadas.
As usinas do país já estavam severamente afetadas. Dos 13 altos-fornos do país, só 5 estão em operação. Em Mariupol, tomada em 2022 pelos russos, foram paralisadas 2 das 3 principais usinas do país — a Ilitch está sendo canibalizada pelos tchetchenos e a Azovstal virou uma ruína.
Desde fevereiro do ano passado, Donetsk é o principal palco da guerra, com a tomada crescente de territórios por Putin, ainda que a passos lentos e o custo estimado em 1.500 mortes diárias do lado russo. A instalação de infraestrutura na região também está avançando, como a Folha mostrou em novembro.
Por Igor Gielow (Folhapress)