Sudão em crise humanitária
ONU diz que proporções no país são assustadoras, diante dos conflitos
O Sudão continua encarando uma crise humanitária de "proporções assustadoras", segundo as Nações Unidas. Nesta segunda-feira (6), a diretora da Divisão de Advocacia e Operações do Escritório de Assuntos Humanitários, Ocha, Eden Wosornu, disse ao Conselho de Segurança que o país africano é agora o único lugar no mundo onde foi confirmado o nível mais grave de fome.
A comunidade humanitária atuando no Sudão registra um alastramento de casos de inanição com a continuação da guerra e seu impacto em civis. A representante do Ocha pediu ao Conselho de Segurança que primeiro ajude a pressionar as partes a cumprir o direito humanitário internacional quanto às necessidades civis essenciais. Ela adicionou a necessidade de proteger bens, infraestrutura e serviços para preservar sistemas que produzem comida.
Em segundo lugar, Wosornu pediu garantia de acesso para assegurar a abertura de todas as rotas rodoviárias e aéreas, através de linhas de conflito e fronteiras, para a passagem de suprimentos de socorro e pessoal humanitário. Em terceiro, o Ocha enfatiza que é preciso angariar financiamento numa escala sem precedentes para dar resposta dimensionada às necessidades, com mobilização de apoio internacional.
Condições de fome foram confirmadas em cinco áreas, incluindo nos campos de deslocados de Zamzam, Al Salam, Abu Shouk e nos montes Nuba, em Darfur do Norte. Outras 17 regiões estaduais serão afetadas pelo risco de fome até maio.
Estimativas das Nações Unidas revelam que o Sudão tem atualmente mais de 11,5 milhões de deslocadas internos. Quase 8,8 milhões foram desalojadas desde abril de 2023 e mais de 3,2 milhões fugiram para países vizinhos.
Neste ano, as organizações humanitárias pretendem apoiar cerca de 21 milhões de pessoas no território do Sudão, o que corresponde a quase metade da população do país.
Wosornu expressou profunda preocupação com a propagação das condições de fome à medida que o conflito armado tem impacto severo sobre os civis, incluindo trabalhadores humanitários, mesmo com repetidos apelos pelo fim dos confrontos. Os combates também continuaram em outras partes do país, incluindo na capital Cartum e nas áreas de Aj Jazirah, Sennar, Cordofão do Sul e Cordofão Ocidental.