Ucrânia ataca base russa

Governo de Kiev diz não ter utilizado mísseis ocidentais na ação

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A Ucrânia atacou a principal base de bombardeiros nucleares da Rússia na madrugada desta quarta (8) com drones, iniciando um incêndio no depósito de combustível que serve a instalação militar.

O Ministério da Defesa russo apenas confirmou ter havido a ação com os aviões-robôs, sem comentar os inúmeros vídeos em redes sociais mostrando grandes explosões e o fogo. O governo local confirmou haver "incêndio em instalações industriais", sem nomeá-las.

Segundo blogueiros militares russos, a base em si não registrou danos. A Força Aérea da Ucrânia disse que o ataque "cria sérios problemas para a aviação estratégica dos ocupantes russos e vai reduzir significativamente sua habilidade de atacar cidades pacíficas e civis".

O local, chamado de Engels-2, fica a cerca de 800 km a leste das fronteiras ucranianas. De lá partem aviões que empregam mísseis de cruzeiro contra o vizinho invadido em 2022, que geralmente se posicionam sobre o mar Cáspio para fazer os ataques.

Os ucranianos enfatizaram não ter empregado mísseis ocidentais na ação, o que é um truísmo, dado que nenhum dos modelos fornecidos pelos aliados tem alcance para chegar à base. Mas a citação visa evitar ainda mais críticas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que já se disse contrário à autorização para ataques a solo russo dada por Joe Biden.

Na terça (7), o republicano havia dito que compreendia a motivação de Vladimir Putin em invadir a Ucrânia, citando que a Otan não deveria ter insinuado a admissão de Kiev — o principal fator alegado pelo russo para sua ação.

Na mesma entrevista, o presidente eleito também voltou a criticar os parceiros europeus na aliança, cobrando maior gasto com defesa deles, uma tática empregada em sua primeira passagem pela Casa Branca.

O temor em Kiev, dadas as declarações prévias de Trump, é de que os EUA cortem o apoio militar ao país, o maior entre seus aliados ocidentais, para forçar Volodimir Zelenski a negociar em termos favoráveis a Putin.

Por Igor Gielow (Folhapress)