A revista americana Time incluiu a francesa Gisèle Pelicot, que foi dopada pelo então marido e estuprada por dezenas de homens, em sua seleção de Mulheres do Ano de 2025.
Ela se tornou uma espécie de símbolo feminista e de combate à violência de gênero ao abrir mão do anonimato. O julgamento, no qual seu ex-marido Dominique Pelicot foi processado ao lado de outros 50 homens que a violentaram, foi tornado público e repercutiu mundialmente.
Por quase uma década, Gisèle foi drogada e estuprada por Dominique e por dezenas de desconhecidos recrutados por ele por meio de fóruns online. O ex-companheiro gravou os abusos metodicamente e só foi descoberto ao ser preso por outro crime ligado a importunação sexual.
No texto em que explica a seleção, a Time descreve a francesa como "uma mulher comum que, diante de uma tragédia pessoal, agiu de maneira extraordinária".
"A escolha de Gisèle Pelicot de rejeitar um julgamento a portas fechadas e renunciar a seu direito legal ao anonimato a transformou em uma heroína em todo o mundo", afirma a publicação.
O processo terminou com a condenação de seu ex-marido a 20 anos de prisão. Os outros 50 acusados, a maioria deles declarados culpados pelo crime de estupro foram condenados a penas que vão de três até 15 anos de reclusão.
"Queria que todas as mulheres que foram vítimas de estupro afirmassem a si mesmas: 'A senhora Pelicot fez, nós também podemos fazer'. Não quero que se sintam mais envergonhadas. A vergonha não é nossa, é deles", disse a francesa na abertura do julgamento no ano passado.
Além de Gisèle, a Time selecionou outras 12 mulheres, incluindo a atriz Nicole Kidman e a ginasta Jordan Chiles.