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Rússia rejeita a força de paz

Por Igor Gielow (Folhapress)

O Kremlin disse que não houve mudança na posição de Vladimir Putin de rejeitar o envio de uma força de paz europeia após uma eventual trégua na Guerra da Ucrânia. Na véspera, Donald Trump havia dito que o russo havia concordado com a ideia.

É a primeira contradição clara entre Rússia e EUA após Trump abraçar a versão russa segundo a qual Kiev é responsável pelo conflito e abrir negociações bilaterais, sem ucranianos ou europeus presentes, para tentar encerrar as hostilidades.

Enquanto isso, Moscou seguiu a rotina quase diária, na última semana, de mega-ataques aéreos contra o vizinho que invadiu há três anos. Na terça, um alerta soou em todo o país, e Kiev viveu caos com pessoas tentando se proteger em estações de metrô superlotadas.

Segundo a Força Aérea ucraniana, foram derrubados 133 de 213 drones e 6 de 7 mísseis de cruzeiro lançados a partir do fim da madrugada. Houve danos em diversas regiões do país, e ao menos uma pessoa morreu. A vizinha Polônia mobilizou caças, mas não houve violação de seu espaço aéreo.

Na mão inversa, a Rússia disse ter derrubado 16 drones ucranianos lançados contra regiões no sul do país, sem danos relatados. No leste do país, Kiev manteve combates na região de Donetsk.

O presidente francês, Emmanuel Macron, foi à Casa Branca tentar reforçar a posição europeia na crise. Há duas semanas, Trump abriu negociações bilaterais com Putin sobre o fim da guerra, sem a presença de Kiev ou de Bruxelas.

O americano atacou duramente Volodimir Zelenski, chamado de ditador e de dispensável, enquanto tenta extrar um acordo de compensação pela ajuda militar americana em troca de minerais estratégicos da Ucrânia.

Ao lado do francês, ele disse que Putin havia lhe dito que toparia uma força europeia, algo considerado inaceitável pelo Kremlin por colocar militares da Otan em mais um país a seu lado - a intenção de Kiev de ingressar na aliança militar ocidental é um dos motivos alegados pela Rússia para a guerra.

Questionado sobre isso, o porta-voz Dmitri Peskov apenas se referiu à posição já colocada pelo Kremlin sobre o tema, contradizendo Trump. Ele não disse isso, mas fica combinado que ou o americano sabe mais do que os outros, ou mentiu para tentar forçar a posição de Putin.