Por Igor Gielow (Folhapress)
Enquanto os EUA buscam fazer avançar as negociações de paz para encerrar a Guerra da Ucrânia com nova rodada de conversas nesta segunda (24), Ucrânia e Rússia seguem ignorando o cessar-fogo parcial a que ambos se comprometeram com Donald Trump. Teoricamente, ambos os lados deveriam evitar ataques à infraestrutura energética do vizinho, mas desde a noite domingo (23) até esta manhã as ações continuaram de forma indiscriminada.
A Rússia disse ter abatido 227 drones ucranianos, sem revelar quantos havia lançado. Alguns deles miraram uma estação de bombeamento de petróleo em Krasnodar (sul), que já havia sido atingida na semana passada ao lado de centrais de trânsito de gás.
Mais importante, ainda que aí não entre no escopo proposto pelos EUA para a trégua, foi o emprego de mísseis americanos Himars com munições de fragmentação contra um campo de aviação em Belgorodo, no sul russo. Segundo as Forças Especiais da Ucrânia, dois helicópteros de ataque e dois de transporte foram destruídos na noite de domingo.
Na mão inversa, Moscou lançou 99 drones contra alvos em toda a Ucrânia, com a Força Aérea local relatando a derrubada de 57 deles.
Ao menos quatro pessoas morreram, disse Kiev. Em Sumi (nordeste), uma ação com mísseis feriu 74 pessoas, segundo a prefeitura. O Kremlin diz que a ordem para não atacar infraestrutura energética está valendo, mas os ucranianos relataram danos à distribuição elétrica.
Nesta segunda, uma delegação russa encontrou-se com o time negociador americano em Riad, a capital saudita. É a terceira vez que isso ocorre: houve uma reunião de mais alto nível, com os chefes da diplomacia dos dois lados presentes, na mesma cidade há mais de um mês, e depois um encontro de nível técnico na Turquia.
Ainda que oficialmente todos os itens de uma eventual paz possam estar na mesa, o foco segundo o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, é a volta da chamada Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que foi mediada pela Turquia e pela ONU permitiu, de julho de 2022 a julho de 2023, que a Ucrânia escoasse sua produção de grãos até o Mediterrâneo e, dali, para mercados globais. A Rússia queria o mesmo para seus fertilizantes, mas sempre se queixou que Kiev não cumpria sua parte, atacando com drones marítimos seus navios.