Putin descarta cessar-fogo sem discutir os termos

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O presidente Vladimir Putin disse nesta quinta (13) que aceita em princípio o cessar-fogo proposto pelos Estados Unidos e aceito pela Ucrânia para paralisar a guerra iniciada pelo russo há três anos, mas elencou diversos problemas que vê no arranjo apresentado até aqui. Esta foi a primeira manifestação pública de Putin sobre o acordo combinado por ucranianos e americanos na Arábia Saudita, na terça (11), sob os auspícios de Donald Trump. Na prática, ele quer discutir com os americanos os termos da proposta antes de se comprometer com qualquer pausa nos combates.

"Como eles [os ucranianos] vão usar esses 30 dias? Vão continuar a mobilização, a se armar? Quem vai arbitrar violações na linha de contato? O que acontecerá em Kursk? Eles irão embora, devemos deixá-los ir embora após as atrocidades que cometeram [na região russa invadida por Kiev]?", questionou o presidente.

Uma trégua, disse, "precisa levar a uma paz permanente, que remova as causas do conflito". Seus termos já foram colocados: neutralidade militar da Ucrânia, desarmamento do vizinho e absorção final das quatro regiões que anexou ilegalmente em 2022. Trump concordou publicamente com quase tudo, mas sua ideia de cessar-fogo é para começar a negociar os temas.

Putin estava ladeado pelo ditador belarusso, Aleksandr Lukachenko, seu aliado e vassalo político. Ambos divulgaram um documento conjunto criticando as propostas de rearmamento da Europa na esteira do desengajamento de Trump do continente. Para eles, isso arrisca uma guerra nuclear. O assessor presidencial russo Iuri Uchakov havia dito que a proposta de trégua só favorecia Zelenski. Na véspera, ele havia conversado com o consultor de Segurança Nacional de Trump, Mike Waltz, por telefone. A Rússia já havia dito antes que só aceitaria discutir uma paz permanente.

"O que [a trégua temporária] dá para nós? Não nos dá nada. Só dá aos ucranianos a oportunidade de se reagrupar, ganhar força e continuar a mesma coisa", disse. "Me parece que ninguém precisa de passos que apenas imitem ações pacíficas nessa situação."

Por Igor Gielow (Folhapress)