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Nenhuma ajuda humanitária entrará em Gaza, diz Israel

O ministro de Defesa de Israel, Israel Katz, afirmou que Tel Aviv vai continuar bloqueando a entrada de ajuda à Faixa de Gaza, onde 91% da população pode estar enfrentando insegurança alimentar, segundo o Ocha (Escritório da ONU para Coordenação de Assuntos Humanitários).

"A política de Israel é clara: em Gaza não entrará nenhuma ajuda humanitária", disse Katz. A afirmação ocorre dois dias após o órgão das Nações Unidas advertir que a situação no território palestino é provavelmente a pior desde o início da guerra, em 7 de outubro de 2023.

Israel bloqueia a entrada de ajuda humanitária na Faixa de Gaza desde o dia 2 de março - duas semanas antes de o Exército de Tel Aviv retomar ataques aéreos e operações terrestres na região, devastada após meses de bombardeios. Trata-se do período mais longo de bloqueio desde o início da guerra.

O ministro, um dos membros do governo mais próximos do primeiro-ministro Binyamin Netanyahu, argumenta que a decisão é uma "alavanca de pressão" contra o Hamas e que, no futuro, é preciso construir um mecanismo civil para receber eventuais ajudas.

Para diversas organizações humanitárias, porém, a medida é uma violação do direito internacional humanitário - conjunto de regras que tenta limitar as consequências de um conflito armado, especialmente aquelas que afetariam civis, profissionais de saúde, combatentes feridos e prisioneiros de guerra.

No início de março, a Anistia Internacional, por exemplo, afirmou que a "obstrução deliberada da ajuda humanitária, incluindo alimentos, água e medicamentos, faz parte do método israelense de destruição física" dos palestinos.

Na mesma época, a Human Rights Watch definiu a ação como uma "flagrante violação do direito internacional humanitário" e afirmou que "milhares de palestinos em Gaza provavelmente morreram, e provavelmente continuarão a morrer" devido ao bloqueio.