O presidente Lula recebeu das mãos do primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, o martelo que simboliza o comando do G20, neste domingo (10). O petista também anunciou o lema do Brasil na presidência do grupo: "Construindo um mundo justo e um planeta sustentável".
A cerimônia foi simbólica, uma vez que o Brasil só assume a presidência do G20 formalmente em 1 de dezembro. "Vamos fazer um esforço para fazer uma cúpula pelo menos igual a esta da Índia", disse Lula, elogiando os anfitriões em Nova Déli.
No início de sua fala no encerramento da cúpula, Lula fez menção ao ciclone do Rio Grande Sul, que causou 42 mortes
"Primeiro, gostaria de dizer às autoridades aqui presentes que a natureza continua dando demonstração de que precisamos cuidar dela com muito mais carinho. Esta semana, três dias atras, no meu Brasil, um ciclone, no estado do Rio Grande do Sul, que nunca havia tido ciclone, matou 46 pessoas, quase 50 pessoas desaparecidas."
No discurso, Lula passou um recado aos países ricos. "Não podemos deixar que questões geopolíticas sequestrem a agenda de discussões das várias instâncias do G20, não nos interessa um G20 dividido", disse Lula.
A cúpula de Nova Déli quase acabou sem um comunicado conjunto devido à insistência das nações do G7 de incluir uma condenação enérgica à agressão da Rússia contra a Ucrânia. No último momento, países ricos concordaram com um documento que rechaça a guerra, mas não critica diretamente a Rússia.
Foi uma tentativa dos países ricos de salvar o G20 da irrelevância, ainda mais diante do fortalecimento e expansão do Brics, liderada pela China. Caso não se chegasse a uma declaração comum, a viabilidade do G20 estaria em xeque e Brasília herdaria um bloco menos relevante — o Brasil era um dos países que criticava a contaminação do G20 pelo tema da Guerra da Ucrânia, pois está alinhado à China na ideia de que o grupo deve focar questões econômicas, de crescimento e desenvolvimento, não geopolíticas.
A presidência brasileira do G20 terá três prioridades, segundo Lula: a inclusão social e o combate à fome, a transição energética e o desenvolvimento sustentável, e a reforma das instituições de governança global.
Por Patrícia Campos Mello (Folhapress), de Nova Dhéli, capital da Índia