Por: Ive Ribeiro

Especialista explica riscos do 'golpe de calor'

Dr. Armando Lobato explica como evitar o pior em casos de mal-estar no calor | Foto: Freepik

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial, 2023 será o ano mais quente da história, com a temperatura média 1,4° acima dos níveis pré-industriais, superando 2016, que era o ano mais quente já registrado. No Brasil o calor extremo está sendo sentido em diversas regiões. Se por um lado o brilho do sol atrai turistas e propicia a diversão de banhistas e amantes da praia, por outro, ele também exige cuidados com a saúde.

Além da preocupação com a pele, o calor excessivo pode ser um grande vilão para o funcionamento do sistema circulatório, é o que explica angiologista e cirurgião vascular, Dr. Armando Lobato, que ocupa a vice-presidência da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular: "o calor muito elevado faz os vasos sanguínieos se dilatarem, o que é uma resposta do corpo, que tenta dissipar o calor. Essa dilatação causa a pressão baixa. O coração, por sua vez, para compensar a pressão baixa, aumenta a frequência cardíaca. Se a pessoa já possui algum problema, pode ser afetada, pois o coração trabalha mais", explica.

O médico diz ainda que a dilatação dos vasos acarreta na desidratação, já que outra resposta do corpo para conter o calor é justamente o suor. E a perda de líquido influencia ainda mais para a queda da pressão, o que pode fazer com que a pessoa fique tonta, exausta e até desmaie.

Em casos mais graves, segundo Dr. Armando, quando as primeiras respostas do corpo ao calor não são suficientes, ocorre o chamado "golpe de calor", ou hipertemia malígna, no termo medicinal. "Nesse caso, o organismo começa a esquentar, assim como as células do cérebro". As consequências para o problema podem ser fatais: "convulsão, coma e, se não for tratado rapidamente, o paciente pode morrer", explica o médico.

Em casos de mal-estar provocado pelo calor, o médico aconselha que o paciente seja direcionado o mais rápido possível para um ambiente menos quente e, se não houver melhora, o corpo deve ser resfriado com um banho. O próximo passo é a hidratação endovenosa. "O paciente não pode esperar desmaiar para ser levado ao hospital. Caso não melhore nem com a saída para um local mais fresco e nem com o banho, a situação pode ser mais grave".

O médico também salientou que o golpe de calor pode atingir pessoas de todas as idades e até as mais saudáveis. "Claro que os mais idosos necessitam de um cuidado maior, mas a exposição ao calor pode afetar todas as pessoas", alerta.

A exposição ao calor, que provoca queda na pressão arterial, deve ser preocupação também para os hipertensos. De acordo com Dr. Armando, esse grupo deve prestar atenção aos dias com temperaturas elevadas, já que os medicamentos para tratar a pressão alta já reduzem a pressão arterial e a soma desse efeito medicamentoso com os efeitos naturais do clima quente também podem trazer riscos.

Para minimizar os problemas, o médico ressalta a importância dos jovens reforçarem os cuidados com a saúde. "Alguns jovens acham que são imortais e que nenhuma doença vai alcançar eles, apenas os mais idosos. Isso é uma inverdade.", finaliza.

Por: Ive Ribeiro

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.