Símbolo do alargamento de praia no Brasil, Santa Catarina concentra um terço dos projetos do tipo no país e levou areia até para orla que não foi alvo de obra. O aporte excedente "engoliu" parte de um píer do local e virou alvo de críticas de quem é contra esse tipo de intervenção no litoral.
Em Florianópolis, a praia de Canajurê ampliou sua faixa com areia que veio de Canasvieiras, onde o município realizou um alargamento em 2020.
"Não está inviabilizando o uso do píer, mas pode inviabilizar se voltar a aumentar. Não se sabe o que vai acontecer. Antes, já havia acontecido de aumentar e diminuir o volume de areia. Mas ninguém lembra de ter chegado a esse ponto", disse Luiz Fernando Beltrão, comodoro do Iate Clube Santa Catarina.
O secretário municipal de Infraestrutura, Rafael Hane, afirma que a transferência de areia de uma praia para outra já era prevista, mas não no volume que ocorreu. Qualquer alteração na orla muda o balanço sedimentar, como é chamado a movimentação de areia ao longo da costa a partir das ondas e correntes marítimas.
"O projeto já previa a migração, mas toda modelagem matemática tem que ser refinada com o que acontece na prática. A gente não podia pensar no controle da migração [de sedimentos], porque poderia ocorrer mais erosão. Agora vamos fazer o monitoramento, para saber quais ações fazer com a sobra de areia e reduzir a velocidade de transferência da areia", disse.
Santa Catarina tem 8 dos 23 projetos de intervenção na orla identificados pela Folha de S.Paulo realizados desde 2018 ou previstos para ocorrer.
Por: Italo Nogueira (Folhapress)