Por: Karoline Cavalcante

Omissão da Imprensa Nacional mantém área sob risco ambiental

Vai deixar o transformador explodir, Imprensa Nacional? | Foto: Imprensa Nacional

A sede da Imprensa Nacional, situada no Setor de Indústria Gráfica (SIG) em Brasília, enfrenta um iminente risco de explosão devido ao vazamento de óleo de um transformador antigo na subestação de energia, que é uma instalação elétrica de alta potência.

A informação, revelada pela coluna Magnavita e destrinchada pelo Correio da Manhã, destaca não apenas o perigo de uma explosão, mas também o potencial risco de grave acidente ambiental, uma vez que o óleo ascarel, suspeito de ser utilizado como o fluido de isolamento no transformador, é altamente tóxico e pode afetar a saúde pública e o meio ambiente.

Nas proximidades da região, estão importantes jornais, escolas, academias, restaurantes, órgãos públicos e outras empresas. A Advocacia Geral da União (AGU), liderada pelo ministro Jorge Messias, está especialmente vulnerável, pois está localizada a apenas 300 metros da subestação. A reportagem tentou contato com a AGU, mas não obteve retorno.

Imprensa Nacional

Com a suspensão da impressão do Diário Oficial da União (DOU), a Imprensa Nacional perdeu a sua principal atividade, transformando-se em um vasto armazém de impressoras fora de uso. Hoje, a instituição opera com sua produção gráfica majoritariamente interrompida, utilizando apenas 1/5 da energia contratada.

Embora esteja prevista a substituição do transformador com vazamento, o processo licitatório ainda não foi sequer iniciado, o que retarda a resolução dessa situação emergencial. Diante desse cenário, a frota de veículos da presidência da República, que anteriormente utilizava o espaço da Imprensa Nacional para estacionamento, já foi transferida para outra localidade.

O Correio da Manhã tem buscado, sem sucesso, resposta da assessoria da Imprensa Nacional desde o dia 1º de outubro. Embora a assessoria tenha confirmado o recebimento de mensagens e o contato. Também tentou nesta quinta-feira (10) informações com o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF).

Ascarel

O ascarel é o nome comercial dado no Brasil a um óleo que resulta da combinação de bifenilas policloradas (PCBs) com hidrocarbonetos provenientes do petróleo. Essa substância é amplamente utilizada como fluido isolante em equipamentos elétricos, como transformadores e capacitores. Contudo, devido à sua toxicidade e aos riscos que representa para a saúde humana, a Portaria Interministerial nº 19/81 proíbe em todo o país a implementação de processos voltados para a produção dessas substâncias. Devido à idade do equipamento da Imprensa Nacional, suspeita-se que este tenha sido o óleo utilizado como fluido de isolamento.

“O vazamento de óleo ascarel, apresenta um risco ambiental significativo. Os PCBs são substâncias altamente persistentes e tóxicas, podendo contaminar o solo e os lençóis freáticos, além de se acumularem em organismos vivos, causando efeitos severos em toda a cadeia alimentar”, explicou o biólogo Pedro Alencar. “Portanto, é crucial realizar a substituição preventiva desses transformadores e implementar medidas de contenção para evitar um desastre ambiental de grandes proporções”, alertou.

O professor de química, Wagner Mourão, acrescentou que o vazamento e a vaporização de fluidos hidráulicos contendo ascarel podem gerar danos à saúde humana, “ tendo em vista que o ascarel é cancerígeno”.

“O vazamento e a vaporização desse óleo pode trazer riscos à saúde humana e ao meio ambiente. Essa contaminação pode ocorrer tanto no manuseio quanto no armazenamento inadequado, tendo em vista que o ascarel é cancerígeno, nesse sentido pode afetar alguns órgãos”, disse o especialista.