Especialista dá dicas para ir bem na redação do Enem
Saiba o que é necessário para alinhar seu texto à proposta do exame
Por Mateus Lincoln
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que ocorre neste domingo (3), reúne milhões de estudantes que intensificam a preparação para o exame. Neste ano, a logística do Enem 2024 envolve a aplicação para 4,3 milhões de inscritos confirmados em cerca de 10 mil salas, distribuídas em 1.753 municípios. Ao todo, são mais de 9 milhões de provas impressas, 18 cadernos diferentes e a participação de mais de 300 mil colaboradores. "É uma operação realmente gigantesca, com um único objetivo: assegurar que todos tenham condições de fazer o Enem na data e no local programado, realizando seus sonhos e aspirações na educação brasileira", comentou o presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), Manuel Palácios, em entrevista recente ao programa A Voz do Brasil.
A redação do Enem, um dos principais desafios enfrentados pelos candidatos, exige do estudante um domínio da estrutura dissertativa argumentativa e a habilidade de expor ideias de forma clara e coesa. Para auxiliar na conquista de uma boa pontuação, o professor Rafael Riemma, especialista em produção textual e mentor da plataforma redacional do Colégio Seriös, compartilha orientações valiosas sobre como estruturar a redação. Ele destaca que o modelo da redação do Enem segue uma estrutura de introdução, desenvolvimento e conclusão, sendo importante que o candidato organize os parágrafos com uma função específica para cada parte.
Riemma explica que a introdução deve apresentar o tema e a tese, enquanto o desenvolvimento deve trazer argumentos bem embasados e a conclusão precisa incluir uma proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Para manter a coesão e a clareza do texto, o professor sugere o uso de conectores textuais, como "além disso" e "portanto", que ajudam a estabelecer a fluidez entre as ideias. Ele ressalta que uma divisão clara em quatro parágrafos é essencial para que o texto seja organizado, sendo recomendável que a tese esteja logo no início, guiando toda a argumentação.
Para alcançar uma argumentação consistente, é fundamental que o candidato tenha repertório sociocultural relevante. O Enem valoriza o uso de referências a fatos históricos, dados sociais e conhecimentos culturais. "É preciso demonstrar uma visão ampla sobre o tema, aplicando o conhecimento de forma contextualizada. Isso torna o texto mais interessante e aumenta as chances de uma boa nota", afirma Riemma. O professor sugere que os estudantes pratiquem a construção de argumentos usando exemplos concretos, como eventos históricos ou livros, de forma natural, sem forçar conexões que não contribuam para a argumentação.
Para ajudar os estudantes a praticar e se familiarizar com a prova, Riemma recomenda a leitura de redações nota mil de anos anteriores, disponíveis em plataformas especializadas. Na reta final de preparação, o professor sugere que os alunos façam simulados de redação, praticando dentro do tempo limite de 1h30, semelhante ao tempo da prova. Segundo o professor, a prática semanal de escrita, aliada ao estudo de temas atuais e ao desenvolvimento de uma argumentação sólida, são fatores decisivos para alcançar uma pontuação alta.
A prática constante de leitura e escrita ajuda a evitar erros. "Revisar o texto após concluí-lo pode corrigir falhas que comprometam a clareza e coesão do conteúdo", orienta o professor.
A pontuação máxima no Enem é alcançada por quem consegue cumprir todos os critérios de avaliação da banca examinadora: domínio da norma culta, boa organização das ideias, argumentação consistente e proposta de intervenção adequada ao tema. Para ele, organização e disciplina no estudo são as melhores estratégias para que os alunos lidem com a pressão do exame e se sintam confiantes na hora da prova.
Por fim, Riemma ressalta que a redação do Enem é uma oportunidade para os alunos expressarem seu potencial argumentativo e mostrarem seu conhecimento sobre temas relevantes da sociedade. Com prática, organização e um bom planejamento, os candidatos podem garantir um desempenho sólido e dar um passo importante rumo à realização de seus sonhos acadêmicos.
O exame
Além da redação, o Enem compreende quatro provas objetivas, divididas entre linguagens, ciências humanas, ciências da natureza e matemática, com um total de 180 questões. A primeira prova, neste domingo, incluirá 45 questões de linguagens e 45 de ciências humanas, além da redação. No domingo seguinte, dia 10, serão aplicadas as provas de ciências da natureza e matemática. Os estudantes podem acessar o cartão de confirmação na Página do Participante para verificar o local, a data e o horário da prova.
Dados do Inep indicam que 4.325.960 inscrições foram confirmadas para este ano, um aumento de quase 10% em relação a 2023. Esse número inclui uma maioria feminina (60,59%), com o maior grupo etário sendo de jovens com 16 anos ou menos (35,6%). Quanto à escolaridade, a maioria dos inscritos já concluiu o ensino médio (1,8 milhão), seguido de estudantes do 1º e 2º anos (19,4%) e "treineiros" que farão o exame apenas para testar conhecimentos (0,6%).
No que diz respeito à raça ou cor, a maioria dos participantes se autodeclara parda (1.860.766), seguida dos que se identificam como brancos (1.788.622) e pretos (533.861). Outros grupos incluem candidatos que se identificam como amarelos (62.288) ou indígenas (29.891), enquanto mais de 50 mil optaram por não declarar.
Este ano, o Ministério da Educação (MEC) e o Inep criaram o Painel Enem 2024, uma plataforma que disponibiliza dados detalhados sobre o perfil dos inscritos, incluindo idade, escolaridade e localização geográfica, com filtros em nível municipal. Essa ferramenta facilita o acesso à transparência do exame, permitindo que a sociedade acompanhe o perfil dos participantes e sua situação em relação ao ensino médio.