Por Mateus Souza
A melodia suave e o ritmo acelerado do chorinho conquistaram o Distrito Federal ainda em 1977, quando um grupo de músicos se reuniu para fundar o Clube do Choro de Brasília, na casa da flautista Odete Ernest Dias. O primeiro presidente da associação foi Avena de Castro, que era amigo de um dos grandes expoentes do gênero, Waldir Azevedo, autor do clássico Brasileirinho.
Brasília tem o histórico de abraçar uma diversidade expressiva de gêneros musicais, como o forró, o hip hop e o rock. Com o choro não foi diferente. Os músicos que embalaram o choro na capital chegaram ainda na década de 1960, pouco após a construção da capital, com a intenção de trabalhar na Rádio Nacional ou buscar novas perspectivas.
O estilo nasceu no Rio de Janeiro, na segunda metade do século 19, de uma mistura entre os instrumentos portugueses e o balanço de ritmos vindos da Angola e do Congo. A junção do erudito com o popular, em 1850, aumentou a vida cultural e boêmia carioca, fazendo com que o estilo se transformasse ainda mais. Tradicionalmente, o choro é tocado por três instrumentos principais: flauta, violão e cavaquinho. Posteriormente, outros foram aderidos. Talentos como Raphael Rabello, Hamilton de Holanda, do Rio de Janeiro, e Yamandu Costa, do Rio Grande do Sul, sucederam mestes como Valdir Azevedo e Jacob do Bandolim na arte do choro e ajudaram a difundir o ritmo.
A história do choro caminha lado a lado com a história do Brasil e, devido a isso, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) tornou o estilo Patrimônio Cultural do Brasil na quinta-feira (29). O pedido de reconhecimento foi apresentado pelo Clube do Choro de Brasília, pelo Instituto Casa do Choro do Rio de Janeiro, pelo Clube do Choro de Santos e por apreciadores do gênero que estão espalhado por todo o país e fora dele.
O presidente do Iphan e do Conselho Consultivo do Patrimônio Cultural, Leandro Grass, ressaltou a importância do estilo e como ele tem se expandido pelo país. "Passa a ser objeto da Política do Patrimônio Cultural brasileiro. Nosso compromisso agora é torná-lo ainda mais conhecido e amado, para que possa também ser um instrumento de Educação Patrimonial". O parecer técnico do Iphan abordou toda a história do gênero, desde as primeiras impressões musicais.