CLDF discute situação do Instituto de Cardiologia

Governo retirou da pauta lei que transferia instituto ao Iges-DF

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Unidade é a segunda em número de transplantes cardíacos realizados no país

A Câmara Legislativa (CLDF) promoveu um debate sobre o futuro do Instituto de Cardiologia e Transplante do DF (ICTDF). Reconhecido pela excelência no atendimento de alta complexidade, a instituição de saúde está sob intervenção desde dezembro passado. A sessão para abordar o tema ocorre após o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, recuar da decisão de transferir o ICTDF para o Instituto de Gestão Estratégica de Saúde do Distrito Federal (Iges-DF).

Na semana passada, o presidente da CLDF, deputado Wellington Luiz (MDB), ordenou uma investigação sobre a relação pessoal entre o presidente do Iges-DF, Juracy Cavalcante, e o interventor do ICTDF, Rodrigo Conti. Posteriormente, Ibaneis retirou de tramitação o projeto de lei 1.065/2024, que instituía a transferência do ICTDF para o Iges-DF.

Apesar do convite feito pelo deputado Jorge Vianna (PSD), que pediu pela reunião na CLDF, tanto a Secretaria de Saúde, responsável pela intervenção, quanto o Iges-DF optaram por não enviar representantes. O parlamentar, contrário à transferência, lamentou a ausência e destacou a necessidade de esclarecer todos os fatos relacionados ao instituto. Vianna ainda defendeu a continuidade do trabalho na unidade de saúde.

Durante o debate, a principal preocupação dos presentes foi a iminente expiração, em 2 de maio próximo, do acordo entre diversos órgãos que permite o funcionamento do ICTDF.

Os funcionários do ICTDF compartilharam suas experiências e comprometimento com a prestação de serviços. Maria do Carmo Barros, conhecida como enfermeira Carminha, resumiu o sentimento de todos como sendo movido pelo "amor" ao trabalho no local. O médico André Watanabe, diretor clínico do instituto, destacou os desafios enfrentados pela unidade devido à defasagem nos valores recebidos por cirurgia. "Não há gestão milagrosa que possa compensar essa discrepância", declarou, agradecendo aos deputados distritais pelo apoio financeiro.

O ex-secretário de saúde e superintendente do ICTDF, Manoel Pafiadache, convocou os envolvidos na questão a unirem esforços para resolver a situação, que exige um processo de seleção pública para escolher uma nova entidade gestora e um contrato que garanta o pagamento direto pelos transplantes. "O clima não é favorável", avaliou Pafiadache.