Por: Mayariane Castro

Política Vini Jr: jogos interrompidos em caso de racismo

Racismo contra Vini Jr. inspirou o projeto de lei | Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Foi aprovado, nesta terça-feira (11), na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o Projeto de Lei que institui a política “Vinicíus Jr.”, uma medida que busca combater o racismo em meio a jogos de futebol em estádios e arenas esportivas no âmbito do Distrito Federal. A medida foi aprovada pelos deputados distritais em audiência fechada.

O autor do projeto foi o deputado Max Maciel (PSOL), e a medida institui a política distrital “Vinícius Jr.”. O projeto determina a divulgação de políticas públicas voltadas para o atendimento às vítimas de racismo. A principal delas é a interrupção de qualquer atividade desportiva em andamento se for identificado um ato de racismo no local.

A lei deixa a critério da entidade e dos órgãos presentes na partida decidirem se é cabível a suspensão total em “caso de conduta racista praticada conjuntamente por grupo de pessoas ou em caso de reincidência de reconhecida manifestação de conduta racista sem prejuízo das sanções previstas no regulamento da competição e da legislação desportiva”.

Junto ao Projeto de Lei, também foi criado o “Protocolo de Combate ao Racismo”, que ficará disponível e será veiculado dentro dos estádios e arenas esportivas.

Realidade dura

O projeto leva o nome do jogador Vinícius Júnior, que foi vítima de ataques racistas durante o jogo do campeonato espanhol La Liga, em maio de 2023, e sofre com frequência com ofensas nos estádios europeus. Para o ex-atleta Carlos Souza, de 19 anos, esta situação é apenas o reflexo de uma realidade rotineira que muitas pessoas negras vivem diariamente na área do esporte.

“Já tive portas fechadas para mim por ser negro. A equipe técnica da base de um dos grandes times brasileiros realizou uma seletiva na qual participei, e mesmo tendo outros garotos da mesma cor que eu, pude ver a forma que alguns pais de adolescentes brancos e com condição financeira melhor olhavam para a gente. É uma realidade que não adianta você ter talento e você ser bom, tem mais coisa envolvida que custa algo que não tem como comprar: a nossa saúde mental”, afirma o jogador.