Em meio às incertezas quanto à aplicação da tese do marco temporal, conflitos por terras indígenas voltaram a ocorrer em Mato Grosso do Sul. No último sábado (13), um indígena Guarani Kaiowá foi baleado durante uma ação de retomada na região da Lagoa Rica/Panambi, no município de Douradina.
Embora as áreas reivindicadas já estejam delimitadas e reconhecidas como território originário, a homologação da demarcação está paralisada devido à análise da Fundação Nacional do Índio (Funai) sobre a aplicação da tese do marco temporal. Essa indefinição tem gerado tensão entre indígenas e fazendeiros na região.
Segundo relatos, um grupo armado com aproximadamente 10 caminhonetes chegou ao local da retomada, supostamente com o intuito de intimidar os indígenas. Durante o conflito, disparos foram efetuados por um fazendeiro, atingindo um indígena na coxa. O caso ocorreu após uma série de ataques recentes em territórios indígenas, incluindo o tekoha Kunumi, em Caarapó (MS).
O incidente reacende a tensão histórica entre indígenas e fazendeiros no estado, mesmo após a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que derrubou a tese do marco temporal. Ainda tramita no Congresso Nacional o projeto de lei que visa instituí-la novamente.
O Ministério dos Povos Indígenas e outras autoridades federais estão acompanhando de perto a situação. Equipes foram deslocadas para a região afetada, e a Força Nacional foi convocada para garantir a segurança dos territórios em disputa.
A Polícia Federal iniciou uma investigação para esclarecer o incidente, em colaboração com a Funai e o Ministério Público Federal. O indígena ferido, de 52 anos, foi tratado no Hospital da Vida, em Dourados, e já recebeu alta.
