Pesquisa investiga plantas do Cerrado no combate ao diabetes

Estudo busca potencial de, ao menos, 10 espécies nativas para controle da doença

Por Mayariane Castro

Estudos promissores para o uso das plantas no combate ao diabetes

Uma pesquisa desenvolvida no Distrito Federal analisa o uso de plantas nativas do Cerrado na prevenção e controle do diabetes tipo 2. O Cerrado, um dos biomas mais biodiversos do Brasil, abriga entre 6 mil e 12 mil espécies de plantas. O Instituto de Pesquisa e Estatística do Distrito Federal (IPEDF) informa que mais de 90% do território local está protegido por unidades de conservação, onde são realizadas mais de 30 pesquisas científicas.

Autorizada pelo Governo do Distrito Federal (GDF) e conduzida pelo Instituto Brasília Ambiental, a pesquisa é parte da tese de doutorado da bióloga e química Rosângela Martines Echeverria, da Universidade de Brasília (UnB). O estudo é dividido em mais de dez etapas, que incluem desde a coleta das plantas até a análise molecular para determinar o valor científico das espécies na luta contra a doença.

O foco da pesquisa está em avaliar a atividade inibidora de enzimas associadas ao diabetes em sete espécies do Cerrado: milho-de-grilo, lobélia, amargoso, sucupira-branca, muxiba-comprida, laranjinha-do-cerrado e sangra-d’água. A investigação envolve a extração de compostos químicos das plantas, a realização de testes de inibição enzimática e estudos biomonitorados com os extratos que apresentarem maior atividade.

Estudos

O método começa com a identificação e coleta das espécies botânicas, seguida pela extração dos compostos com solventes. Depois, os pesquisadores realizam testes para verificar a inibição das enzimas ligadas ao diabetes e estudam os extratos com maior potencial. O objetivo é identificar os compostos químicos responsáveis por essa atividade.

Os estudos tiveram início em 2023 e estão previstos para serem concluídos em 2026. Embora os resultados ainda estejam em fase inicial, os pesquisadores reportam achados positivos, especialmente por explorarem espécies que nunca foram analisadas em relação ao diabetes. Essa pesquisa pode abrir novas possibilidades de cuidados para a doença, utilizando plantas medicinais nativas do Cerrado.

Com o avanço dos estudos, espera-se que novas propostas para o controle do diabetes, fundamentadas em evidências científicas, possam ser desenvolvidas a partir do conhecimento das plantas do Cerrado. A pesquisa não apenas contribui para a saúde pública, mas também promove a valorização da biodiversidade e o desenvolvimento sustentável da região.

Diabetes

O diabetes tipo 2 é uma condição crônica caracterizada pela incapacidade do corpo em regular os níveis de açúcar no sangue. Essa condição surge quando a produção de insulina, hormônio fundamental para o metabolismo da glicose, é inadequada. O diabetes pode resultar em complicações severas, como doenças cardíacas, danos renais e problemas neurológicos.