Por: Mayariane Castro

Dificuldade ao acesso de medicação para esclerose múltipla no DF

70% dos casos são diagnosticados pela rede pública | Foto: Breno Esaki/Agência Brasília

Na sexta-feira, 30 de agosto, celebrou-se o Dia Nacional de Conscientização sobre a Esclerose Múltipla. A data visa chamar a atenção para a doença e para seu tratamento. Neste dia, porém, pacientes e profissionais de saúde no Distrito Federal relataram dificuldades no acesso a medicamentos de alta eficácia para tratar a doença. A esclerose múltipla (EM) é uma condição neurológica crônica e autoimune que afeta o sistema nervoso central, causando sintomas como perda de força muscular, fadiga, visão embaçada e problemas de coordenação.

No Brasil, cerca de 40 mil pessoas vivem com a esclerose múltipla, de acordo com o Ministério da Saúde. A doença não tem cura e o tratamento é essencial para controlar a progressão dos sintomas.

Um dilema, porém, atinge os pacientes no DF. Cerca de 70% dos casos tratados no DF foram diagnosticados pela rede pública. No entanto, há dificuldades para o prosseguimento do tratamento e acesso ás caras medicações nesta mesma rede pública.

No Distrito Federal, a Secretaria de Saúde afirma que atualmente cerca de 450 pessoas estão em tratamento para a esclerose múltipla pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Contudo, pacientes e médicos apontam que a dificuldade de acesso aos medicamentos de alta eficácia está levando ao agravamento dos sintomas.

A aquisição dos medicamentos é gerida pelo Ministério da Saúde, com base nas solicitações trimestrais das secretarias estaduais e do Distrito Federal. O ministério informa que a demanda do DF está em dia e que toda a medicação solicitada é fornecida. A Secretaria de Saúde do DF nega que haja falta de medicamentos e assegura que o fornecimento está regular.

A esclerose múltipla afeta principalmente pessoas entre 20 e 50 anos e é caracterizada pela desmielinização da bainha de mielina, que compromete a transmissão dos impulsos nervosos. Sem tratamento adequado, a doença pode levar a sintomas físicos e cognitivos severos, afetando a memória, a coordenação e a visão.

Apoio

De acordo com analistas, existe uma diferença significativa entre medicamentos de alta e baixa eficácia para a esclerose múltipla. Os remédios de baixa eficácia não impedem a progressão da doença e, portanto, o tratamento pode não ser o mais adequado para todos os pacientes.

A Associação de Pessoas com Esclerose Múltipla do Distrito Federal e Entorno (Apemigos) confirma que há episódios de desabastecimento de medicamentos no DF, o que contribui para a dificuldade no tratamento. Ana Paula Morais, presidente da Apemigos, destaca que a falta de medicamentos ocorre com certa frequência, afetando negativamente a qualidade de vida dos pacientes.

Os medicamentos para esclerose múltipla são disponibilizados nas farmácias de alto custo do SUS em Brasília. Entretanto, pacientes que buscam tratamento na rede privada enfrentam custos elevados, que podem variar entre R$ 5 mil e R$ 50 mil por dose, além de despesas adicionais com antialérgicos, corticoides e soro.