Uma pesquisa realizada pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, revela que 74% das mulheres em Brasília já sofreram violência durante deslocamentos pela cidade. O estudo, que ouviu 350 mulheres no Distrito Federal, identifica as principais formas de violência como olhares insistentes e cantadas, assalto, furto e sequestro relâmpago.
O levantamento indica que os problemas mais frequentes ocorreram no transporte público ou durante caminhadas. As principais formas de violência relatadas são: olhares insistentes e cantadas (42%), assalto/furto ou sequestro relâmpago (36%), importunação/assédio sexual (23%), preconceito ou discriminação (19%), racismo (13%), agressão física (8%) e estupro (7%). Apenas 11% das mulheres consideram as ruas de Brasília seguras.
O estudo aponta que 82% das mulheres sentem um grande medo de sofrer violência ao se deslocarem. Entre os principais medos estão sofrer estupro (66%), assalto/furto/sequestro relâmpago (65%), importunação/assédio sexual (56%), agressão física (54%), olhares insistentes e cantadas (33%), preconceito ou discriminação (31%), e racismo (31%).
Resultados
A pesquisa sugere que a sensação de insegurança é intensificada pela falta de políticas públicas eficazes. As mulheres citam a ausência de policiamento, iluminação inadequada e ruas desertas como fatores que contribuem para essa insegurança.
O estudo, realizado entre 21 de junho e 11 de julho de 2024, envolveu mais de 4 mil mulheres que utilizam diferentes meios de transporte. Além de Brasília, o levantamento também abrangeu outras oito capitais: Belém, Belo Horizonte, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os resultados evidenciam um padrão preocupante de violência enfrentada pelas mulheres durante seus deslocamentos urbanos.
Para Jessica (ela não quis dizer seu sobrenome), estudante e atendente de loja, não importa o local ou a roupa que se usa. Para ser vítima deste tipo de crime basta ser mulher. “á aconteceu de eu estar com um vestido longo até o pé e homens idosos me assediarem de uma forma nojenta. É complicado, sempre pensamos que existe alguma coisa em nós que esteja errado. Mas o erro não é conosco”.