Conflito em Terra Indígena no MS
O secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Luis Ventura, declarou que as forças de segurança na Terra Indígena (TI) Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS), atuam como segurança privada a interesses particulares. A afirmação foi feita em entrevista à Agência Brasil, após a morte do jovem Neri Guarani Kaiowá, de 23 anos, que foi alvejado durante um confronto com a polícia. Esse incidente ocorreu em uma área marcada por disputas entre indígenas e fazendeiros, especialmente na Fazenda Barra, onde a violência tem se intensificado nos últimos dias.
Ventura criticou a justificativa da Polícia Militar, que afirma estar cumprindo uma decisão judicial do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF3). Segundo o secretário, essa decisão não autoriza ações hostis contra a comunidade, permitindo apenas a presença policial para garantir a segurança da área. Ele relatou um clima de hostilidade por parte dos policiais, que tratam os indígenas como invasores em terras que já foram homologadas. O secretário destacou que a violência se agravou, com relatos de disparos de balas de borracha e munição letal contra a população indígena.
A Funai e outras entidades têm monitorado a situação, que é considerada insustentável. A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo (Comissão Arns) divulgou uma nota de repúdio à escalada da violência e a deputada federal Célia Xakriabá enviou um ofício urgente ao ministro da Justiça, solicitando a suspensão das operações policiais na área. A Polícia Federal instaurou um inquérito para investigar a morte de Neri, enquanto o governo local continua a lidar com a crescente tensão e os conflitos na região.