Lodo de esgoto vira fertilizante no DF

Agricultores aguardam para receber o novo fertilizante, ambientalmente sustentável

Por Thamiris de Azevedo

Manejo do fertilizante orgânico produzido pela Caesb

A Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) desenvolveu um fertilizante que transforma o lodo recolhidos dos esgotos em biossólido, como são chamados os compostos orgânicos que têm essa origem. A distribuição gratuita do produto foi destinada para mais de 200 agricultores do DF e do entorno. Desde 2021, a iniciativa funciona como uma alternativa sustentável e acessível para pequenas e médias propriedades das regiões rurais.

Segundo a Caesb, por dia são produzidas mais de 400 toneladas de lodo nas redes de tratamento da região. De acordo com o gerente de Operação das Bacias do Melchior e Alagado, Cristiano Mano, as condições climáticas da região favorecem a nova técnica.

“Temos muito calor e secura”, explicou. “Isso torna o processo de baixo custo para processar um lodo de ótima qualidade em termos de matéria orgânica. É um material rico em minerais adequados para uso no solo. Com ele, o produtor não precisa comprar outros insumos”, ressaltou o gerente à Agência Brasília.

Segundo o presidente da Caesb, Luís Antônio Almeida Reis, em uma entrevistada dada ao podcast do GDF, há uma longa fila de produtores aguardando o fertilizante, que ainda não é disponibilizado para venda no mercado.

“Temos setorização de rede e automação de um mantra que temos lá dentro, que é a redução de perdas. A perda é menor que a média nacional, mas queremos reduzir mais até 2032”, explicou. “Nós utilizamos o lodo tratado como fertilizante, e há uma fila de um ano de espera pela frente de gente esperando”. A utilização é feita conforme organização da Secretaria de Agricultura, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e fiscalização do Instituto Brasília Ambiental (Ibram).

Como funciona

Após a remoção de sólidos e impurezas do esgoto que chega às estações de tratamento, como lixo, detritos e areias, o material é encaminhados para o Aterro Sanitário de Brasília.

O esgoto passa por uma etapa biológica, onde micro-organismos anaeróbios e aeróbios realizam duas fases de depuração, retirando elementos dissolvidos, como fósforo e nitrogênio, que são incorporados ao biossólido. O lodo resultante vai para o decantador, onde é separado do líquido tratado e retirado o excesso de água.

Depois desse processo, o material é transportado até o pátio de secagem, onde é exposto ao sol e ao vento para ser monitorado para padronizar a umidade e eliminar micro-organismos patogênicos. Assim, tornando-o adequado para uso agrícola.

Quando chega à propriedade rural, é realizado mais um processo antes de ser utilizar. Mistura-se o produto a pó de rocha e resíduo de confinamento, que passa por mudanças de temperatura após a junção com água. O material resultante é revirado com as máquinas para resfriar. Em um mês, ele está pronto para ser utilizado no solo.