"Adorooo!": CLDF dá título de cidadã honorária a drag queen

Conheça a história de Carmela e de Diego Ponce de León

Por Thamiris de Azevedo

Diego/Carmela: trabalho social para além do humor

Em sessão solene no plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), Carmela, drag queen interpretada por Diego Ponce de León, recebeu o Título de Cidadã Honorária. É a primeira vez na história de Brasília que uma drag queen recebe a honraria.

A solenidade é destinada para homenagear pessoas de notório reconhecimento público que atuam em relevantes iniciativas sociais a favor do DF. Que, segundo a resolução que a autoriza, “sejam dignos de louvor e sirvam de exemplo para a coletividade”.

Durante a titulação, conduzida pelo deputado Jorge Viana (PSD), a família prestou homenagens à honorária no salão. Também foi exibido um vídeo de sua trajetória e, ao final, a artista fez uma apresentação.

Personagem

Carmela é uma personagem criada pelo ator, humorista, apresentador, jornalista e ativista social Diego Ponce de León. Carmela está presente em diversas iniciativas sociais, como por exemplo, ser madrinha da Associação dos Pais e Amigos de Crianças com Down e Austismo (Apaed).

Interpretada por Diego, mestre em jornalismo e pai de três crianças, a drag também se destaca nas redes sociais, com 74,2 mil seguidores. Além de entregar entretenimento, denuncia as precariedades do DF, trazendo o lado jornalístico por trás de Carmela que está em Diego.

Em 2021, a personagem recebeu o prêmio de melhor locutora do DF pelo seu programa “Barraco de Carmela” que alcançava cerca de 250 mil pessoas diariamente, quando também popularizou seu bordão “Adorooo!”

Em exclusiva ao Correio da Manhã, Diego compartilha que considera a personalidade uma “desinfluenciadora”, em oposição aos influenciadores tradicionais que, para ele, parecem estar à disposição apenas de marcas e estilos de vida inalcançáveis.

Ao ser questionado sobre a relação de seus filhos com Carmela, o performance conta com felicidade que os filhos entendem quem é a drag e a adoram.

“Melhor impossível. Meus filhos frequentam teatro desde sempre e compreendem bem a construção dessa figura e ao que se propõe. Entendem o pai como artista e Carmela como resultado de um trabalho social e artístico. Sabem que ela não é o pai delas, mas um protesto, uma exclamação e uma provocação na minha relação com o cotidiano”.

Para Diego, ser Drag é expressão.

“Drag é performance do melhor e do pior da vida. É representação da fome, da luta contra preconceito, da transcendência de gêneros. Drag é a melhor forma de expressarmos, da forma mais livre possível, quem verdadeiramente somos. A drag, diferentemente do que se pensa, não é uma personagem cênica ficcional, mas uma ferramenta extravagante para colocarmos para jogo do que somos feitos. Todos nós”, destaca.