Deputado propõe campanha contra o cigarro eletrônico

Cada vez mais jovens usam a droga, que acelera diversas doenças

Por Thamiris Azevedo

O cigarro eletrônico provoca danos graves à saúde

Foi protocolado, na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF), o Projeto de Lei (PL) 1.165 de 2024 que propõe a abertura de campanha de conscientização e prevenção aos riscos dos cigarros eletrônicos para a saúde das crianças e adolescentes nas escolas públicas do Distrito Federal. O PL é de autoria do deputado Wellington Luiz (MDB), presidente da CLDF.

A última Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense) aponta que, em 2019, 16,8% dos estudantes no Brasil com idade entre 13 e 17 anos já haviam experimentado o cigarro eletrônico, sendo 13,6% com idade de 13 a 15 anos e 22,7% com 16 e 17 anos. A pesquisa também aponta que o maior percentual está na região Centro-Oeste.

Na justificativa do PL, o deputado aponta que as informações ainda não são suficientes para prevenir o uso dos cigarros eletrônicos.

“Muitos jovens não estão cientes dos danos que esses dispositivos podem causar, incluindo problemas respiratórios, danos pulmonares e vício em nicotina. Além disso, a campanha busca prevenir o tabagismo entre os jovens, já que o uso de cigarros eletrônicos pode servir como uma porta de entrada para o consumo de tabaco tradicional. Ao educar os adolescentes sobre os riscos envolvidos, espera-se dissuadi-los de experimentar qualquer forma de tabaco. É também importante desmistificar a ideia de que os cigarros eletrônicos são inofensivos”, diz o deputado, na justificativa do projeto.

Danos ao cérebro

Especialista em Pneumologia do Núcleo Avançado de Tórax do Hospital Sírio-Libanês, Elnara Negri explica que os danos do cigarro eletrônico chegam mais rápido ao cérebro do que o cigarro convencional.

“Os malefícios do cigarro eletrônico incluem a inalação de nicotina, produtos químicos cancerígenos, metais pesados e substâncias como o diacetil, que está associado a doenças pulmonares graves. A nicotina presente nos cigarros eletrônicos, especialmente na forma de sal de nicotina, penetra no cérebro mais rapidamente que a nicotina comum, tornando o vício mais rápido e intenso. A falta de regulamentação e controle sobre as substâncias usadas nos cigarros eletrônicos aumenta os riscos, tornando-os potencialmente mais prejudiciais que o cigarro tradicional”.

A médica também destaca que o aspecto visual e sensorial desperta mais interesse entre os jovens.

“Os jovens se interessam mais pelos cigarros eletrônicos devido ao apelo visual e sensorial. Os dispositivos são projetados em cores brilhantes e atraentes, com sabores variados como frutas, doces, mentol e chocolate, o que os torna mais atrativos. O sal de nicotina, que atua rapidamente no cérebro, facilita o desenvolvimento do vício de forma mais rápida e intensa, especialmente em jovens”.