O Governo do Distrito Federal (GDF) publicou no Diário Oficial a Lei 7583/2024, que institui novas diretrizes de políticas públicas voltadas à saúde mental de mães durante os períodos pré-natal, perinatal e de puerpério.
Entre as orientações, estão a prevenção e tratamento de sofrimento psíquico relacionado à maternidade, a conscientização sobre os direitos das mães e a articulação entre políticas de saúde mental e a rede de apoio psicossocial.
A lei também visa garantir cuidados respeitosos com acesso a assistência psiquiátrica e psicológica de forma prioritária.
A reportagem questionou a Secretaria de Saúde do DF sobre políticas públicas aplicadas atualmente à saúde mental das mães que são atendidas na rede pública, ocasião em que, até o fechamento da matéria, a Pasta respondeu que não conseguiu os dados.
Condições psíquicas
A psicóloga e psicanalista Sílvia Oliveira, explica ao Correio da Manhã que muitas mulheres podem experimentar a situação de “baby blues, caracterizada por sentimentos de tristeza, irritabilidade, ansiedade emocional que surgem nos primeiros dias após o parto.
Geralmente estes sintomas desaparecem em até duas semanas após o nascimento, mas em algumas situações pode se desenvolver para uma depressão pós-parto.
“Estudos indicam que cerca de 50% a 80% das mulheres podem experimentar o baby blues após o parto. Já a depressão pós-parto afeta aproximadamente 10% a 15% das mães nos primeiros três meses após o nascimento”.
A especialista esclarece que as questões psíquicas durante a maternidade podem estar atreladas a fatores hormonais, mas também por processos inconscientes envolvidos na transição para a maternidade.
“Durante os períodos pré-natal, perinatal e puerpério, as mulheres passam por significativas mudanças hormonais e psíquicas que podem impactar sua saúde mental. A psicanálise oferece uma perspectiva profunda sobre esses processos, considerando tanto os aspectos conscientes quanto os inconscientes da experiência materna”.
A psicóloga informa que os fatores psíquicos que prejudicam a saúde mental podem estar interligados com a questão da reconfiguração da identidade da mulher.
“A transição para a maternidade exige uma reorganização da identidade feminina, integrando o novo papel de mãe. Esse processo pode ser desafiador, especialmente quando há idealizações ou pressões internas e externas sobre o “ser mãe”.