UnB traça diretrizes para as Casas da Mulher Indígena

Pesquisa mapeia necessidades principais das vítimas de violência entre os povos originários

Por Thamiris de Azevedo

Pesquisa mapeará necessidades da mulheres indígenas

A Universidade de Brasília (UnB) firmou Termo de Execução Descentralizada com o Ministério das Mulheres para promover pesquisas visando à construção das unidades da Casa da Mulher Indígena. Segundo o documento, o acordo tem prazo de vigência de 14 meses e o valor firmado é de R$ 1,9 milhões.

O Laboratório de Mulheres, Arquitetura e Território da UnB (LAB-MAT), que é grupo de pesquisas vinculado à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, está responsável pela elaboração de estudos para construir diretrizes que serão vinculadas para as empresas que se inscreverem no processo de licitação para a construção das instituições.

Em entrevista com a coordenadora do Laboratório de pesquisa, Maribel Aliaga Fuentes, a pesquisadora explicou que a pesquisa será focada em entrevistas com escuta ativa para compreender as demandas das mulheres indígenas vítimas de violência. Serão construídas Casas da Mulher Indígena em cada bioma brasileiro: Cerrado, Catinga, Pampa, Mata Atlântica e Amazônia e Pantanal.

“Quando se constrói um projeto de arquitetura para a sociedade, realizamos entrevista prévia com o cliente para entender o que ele quer. O mesmo deve ser feito com as necessidades da mulher indígena”.

O Instituto de Arquitetura do Brasil (IAB) será responsável pela elaboração do concurso de licitação para as empresas que se interessarem para assumir o contrato. A Conselheira do Instituto do departamento do DF, Luiza Coelho, confirmou ao jornal que as diretrizes da pesquisa serão precedentes da contratação, e toda a elaboração do projeto está acontecendo em parceria com a Universidade.

O Laboratório está com uma vaga para pesquisador, exclusiva para pessoa indígena, com carga horária de 25 horas semanais e renumeração de R$ 4.500.

Serviços

A Diretora de Proteção de Direitos do Ministério das Mulheres, Patrícia Rodrigues (Pagu), indígena do povo fulni-ô, relatou ao Correio da Manhã que a proposta começou quando ela foi até os territórios para ouvir as mulheres indígenas e constatou que uma das maiores demandas era a falta de serviços especializados para atender a mulheres vítimas de violência, com protocolos e contemplação na Lei Maria da Penha.

O compromisso da Casa, então, foi lançado na Terceira Macha das Mulheres Indígenas, em setembro de 2023, e agora está sendo concretizado. Pagu explica que o projeto lembra a Casa da Mulher Brasileira, mas com especificardes da realidade de uma mulher indígena. Dentre os serviços, além do acolhimento especializado, haverá serviço psicossocial e jurídico. As primeiras Casa da Mulher Indígena devem começar a funcionar no primeiro semestre de 2026.