Multa pesada para quem agredir motoboys no DF
Levantamento da Polícia Civil aponta para 30 ocorrências em 2024
Tem se tornado um problema recorrente. Não apenas no Distrito Federal, mas em todo o país, os motoboys, entregadores que usam motocicletas, têm sido agredidos por consumidores ao fazer suas entregas. Por isso, a Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) aprovou o Projeto de Lei nº 639/2023, que prevê multa de R$ 3 mil a até R$ 30 mil para pessoas que agredirem motoboys no exercício da sua profissão de entrega.
Em levantamento exclusivo do Correio da Manhã junto à Polícia Civil do DF, apurou-se que, em 2024 ,foram registradas 30 ocorrências de violência contra os profissionais. Os dados apontam para 14 casos de ameaça, 12 de injúria, sete de lesão corporal culposa e três de roubos de veículos.
O PL é de autoria do deputado Joaquim Roriz Neto (PL). Ao Correio da Manhã, o distrital destaca que a lei dá mais dignidade e segurança para os motoboys do Distrito Federal.
Heróis a vilões
O presidente do Sindicato dos Motociclistas Profissionais do DF (Sindmoto), Luiz Carlos Galvão, avalia a sanção da lei necessária. Segundo ele, durante a pandemia de covid-19, quando as restrições obrigaram as pessoas a permanecerem em casa, os profissionais de entrega eram vistos como heróis, pessoas que corriam riscos para que os demais não ficassem desabastecidos. Com a volta da normalidade, porém, começaram a ser tratados como se fossem “vilões”.
“São inúmeras as denúncias de agressões, físicas e verbais, por motivos considerados fúteis”, lamenta. Um dos motivos maiores de revolta é quando o motociclista não sobre até o apartamento para fazer a entrega, algo que, na maioria das vezes, decorre mais de decisões do próprio condomínio.
Um caso emblemático ocorreu este ano com o motoboy João Ferreira. Ao Correio, ele detalhou seu calvário. Quando foi fazer uma entrega, em um condomínio de classe média alta, foi discriminado, atacado e agredido fisicamente. Ligou para a polícia, foi até a delegacia, mas o delegado não deu atenção ao seu caso. Solicitou assistência jurídica à empresa que no momento ele prestava serviço, mas o processo acabou sendo arquivado e o motoboy banido da plataforma.
Depois de seis meses de insistência, a empresa reabriu o caso, ocasião em que conseguiram uma testemunha, vizinho do agressor, que contribuiu para as investigações. Quando o fato ocorreu, o motoboy afirma que o cliente tentou acordo durante a audiência de mediação, mas ele negou. Ferreira aguarda a sentença judicial, em que ele acredita que a condenação, desta vez, ocorrerá.
“Eu cheguei a ficar sem dinheiro pra comer em casa e entrei em uma tristeza profunda”, desabafa. “Foi uma discriminação total, tanto do cliente, como do delegado, quanto da plataforma. O que me deixa indignado, é que somos discriminados e nossa fala vale de nada”, protesta.