Depois de quase de 16 meses da morte do brasiliense Christopher de Carvalho, 26 anos à época, em outubro de 2023, o policial metropolitano que atropelou o rapaz em Londres, Ian Brotherton, foi condenado pela justiça inglesa. Mas já teve a sua pena suspensa. De acordo com a acusação, o policial atravessou um sinal vermelho a 75 km/h em uma zona em que a velocidade permitida é de 50 km/h, o que ocasionou na colisão com a moto da vítima.
“Embora a orientação de direção permita que os policiais passem por sinais vermelhos e viajem acima do limite de velocidade, isso nunca é justificado se a maneira de dirigir do policial coloca em risco outros usuários da estrada”, afirma nota do escritório responsável pelo caso, Independent Office for Police Conduct (IOPC).
A pena foi estabelecida em seis meses de prisão, mas recurso a suspendeu por 18 meses. Brotherton deve cumprir 150 horas de trabalho voluntário e está restrito de dirigir por 30 meses.
A família não se conforma com pena tão branda e quer a demissão do agente. “Hoje, o que buscamos, já que ele não ficará preso, é que no processo disciplinar ele seja expulso da corporação e que sirva de exemplo para outros policiais que cometem tantos crimes e usam a farda para se proteger das punições”, disse ao Correio da Manhã, com exclusividade, a irmã de Cristopher, Thaísa de Carvalho Guedes.
"Falta de empatia”
Cristopher era brasiliense, da região administrativa do Gama. Em entrevista exclusiva ao Correio da Manhã, a irmã de Christopher expressa revolta. Conta que a família tentou auxílio com o governo internacional, federal e distrital até para trazerem o corpo de volta, mas não conseguiu. O valor dos custos somava mais de R$ 100 mil, que foi arrecadado em um mês por outros meios.
“Na época, todo o valor gasto com translado e velório aqui no Brasil foi pago por uma vaquinha online, rifas e doações. Confesso que nunca imaginei passar por essa situação. Acompanhei vários casos de brasileiros que morrem no exterior e não têm assistência mínima do governo. Um exemplo é o caso do Jean Charles que até hoje a família luta por justiça. O governo brasileiro não tem empatia”.
Ela relata que a família tentou colocar um advogado no caso, mas que a justiça londrina negou sob o argumento de que a vítima não precisava de um defensor, uma vez que se tratava apenas da condenação policial. Só aceitaram um representante em janeiro deste ano. Mesmo assim, o advogado atuou apenas como auxiliar jurídico e não teve acesso aos autos do processo.
Segundo Thaísa, a família quase não teve informação sobre o procedimento judicial. Ela relata que numa única reunião com a promotoria inglesa, chegaram a sugerir que um policial de 32 anos não deveria ser condenado por 30 segundos de erro.
“Mas meu irmão de 26 anos pode perder a vida por um policial treinado?”, questiona ela.
A reportagem perguntou se a família entrará com um recurso, ela disse que não há essa possibilidade.
“Agora a única coisa que podemos fazer é abrir uma reclamação dizendo que não concordamos com a decisão, mas isso não implica em nada na decisão do juiz”.